A Espanha reservou € 10,6 bilhões (aproximadamente R$ 66,8 bilhões) em empréstimos e subsídios para auxiliar as vítimas das enchentes na costa leste do país, perto de Valência, ocorridas na semana passada, anunciou o primeiro-ministro Pedro Sánchez nesta terça-feira (5).
O premiê disse que o governo planeja doar até € 838 milhões (R$ 5,2 bilhões) em dinheiro diretamente para as pessoas afetadas pelas inundações que deixaram ao menos 217 mortos naquele que é considerado o pior desastre desse tipo na história moderna da Espanha.
A agência de crédito do governo, vai destinar até € 5 bilhões (R$ 31,5 bilhões) em empréstimos para pequenas e médias empresas, profissionais autônomos e famílias para financiar os esforços de reconstrução.
Fundos adicionais serão destinados a oferecer isenção temporária de impostos e suspensão de contribuições obrigatórias para os afetados, além de apoio financeiro para reposição de bens e reparos em estradas e ferrovias.
O governo destacou, no total, 14.898 policiais e soldados nas áreas atingidas pelas enchentes, disse Sánchez.
Grupos de vigilantes, irritados com a resposta das autoridades ao pior desastre de enchentes da Espanha em décadas, tomaram as ruas do subúrbio valenciano de Paiporta para evitar o que eles dizem ser roubos e saques generalizados após o anoitecer.
Informalmente organizados, os grupos de moradores usam paus para patrulhar uma das áreas mais afetadas do país, onde mais de 60 vítimas do desastre morreram.
Martin, 19, afirmou que ele e seus amigos estavam fazendo justiça com as próprias mãos porque acreditavam que a polícia não estava cumprindo seu dever de manter a segurança pública.
“Estamos patrulhando porque não queremos que nossos vizinhos sintam a insegurança que têm sentido nos últimos dias devido a vários roubos”, disse ele. “As pessoas já perderam o suficiente.”
O primeiro-ministro esteve em Paiporta no domingo (3), acompanhado do rei Felipe 6º, da rainha Letizia e do presidente valenciano (equivalente a governador), Carlos Mazón, para uma visita que despertou a ira dos moradores, que gritavam “assassinos” enquanto jogavam pedras e lama neles.
O rei insistiu em permanecer para conversar com as pessoas apesar dos protestos, enquanto Sánchez deixou o local.
Um dia antes, o primeiro-ministro havia anunciado o envio 10 mil soldados e policiais adicionais para as áreas devastadas pelas inundações.
O número de desaparecidos ainda é desconhecido, mas alguns deles estavam sendo encontrados dentro dos veículos arrastados pelas enchentes, nas garagens, nas estradas, nas próprias casas.
Barcelona também viveu precipitações em níveis recordes, na segunda (4), como na comunidade vizinha. As chuvas bloquearam estradas e provocaram interrupções do transporte ferroviário e aéreo. O aeroporto El Prat ficou isolado e teve voos cancelados.