Os avanços e pesquisas nos campos da ciência, tecnologia e, principalmente, saúde, vêm aumentando rapidamente a expectativa de vida da população mundial. Um efeito direto desse movimento é que o número de pessoas consideradas idosas, com mais de 65 anos, passou de 260 milhões para 761 milhões de 1980 para 2021, e deve ultrapassar 1,6 bilhões até 2050 segundo as projeções recentes da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização Mundial de Saúde (OMS), correspondendo a 17% da população global.
Já no Brasil, essa projeção é ainda mais acelerada, com levantamento de 2023 do IBGE sugerindo termos cerca de 60 milhões de brasileiros idosos até 2050, quase 30% da população estimada para o período.
Por mais que esses dados sejam reflexos diretos de uma melhoria na qualidade de vida em geral, eles trazem consigo preocupações urgentes que precisam entrar em pauta imediatamente, para garantirmos que estaremos prontos, de fato, para essa realidade.
Promovendo transições graduais para a percepção do envelhecimento
No dia 1º de outubro celebramos o Dia Internacional das Pessoas Idosas, e data serve, acima de tudo, como o momento para ampliarmos a visibilidade dessas questões. O aumento da expectativa de vida é, sim, bem-vindo, porém mais que envelhecer, é preciso fazê-lo com manutenção da qualidade de vida, da garantia dos direitos básicos à ampliação do acesso a serviços e programas para manter mentes e corpos ativos, além possibilitar a permanência no mercado de trabalho caso para aqueles que tiverem esse interesse.
Pensando especificamente neste último caso, as empresas podem, por exemplo, criar ambientes de trabalho mais inclusivos e com recursos de acessibilidade para atender a necessidades especiais, como baixa locomoção. Além disso, pode-se estabelecer ainda políticas de contratação e retenção de idosos, com programas de reciclagem e cursos de capacitação para novas ferramentas e recursos utilizados pela empresa.
Um dos maiores desafios dessa população está na saída súbita da vida profissional para a aposentadoria. Dependendo do quão ativa era a vida dessa pessoa até então, a mudança repentina pode causar inseguranças, sensação de abandono e outros sentimentos negativos, por não estar acostumado a lidar com tempo livre, e ainda gerar uma eventual sensação infundada de culpa, justamente por ter tanto tempo livre de uma hora para a outra.
Uma forma de minimizar o impacto dessa transição é a promover o incentivo a aposentadoria gradual, estabelecendo rotinas mais flexíveis para quem já está próximo de se aposentar.
Naturalmente, parte dessa iniciativa ainda envolve oferecer acompanhamento psicológico, benefícios de bem-estar, e até eventuais programas de planejamento financeiro, cruciais não apenas no início, mas principalmente no final da carreira, já que a renda muda, os gastos são outros, e os planos precisam considerar e contemplar futuros bem mais longevos.
A inclusão dos idosos começa nas práticas pessoais
É importantíssimo que, no papel de gestores e colegas de trabalho, criemos espaços inclusivos e acessíveis entre pessoas de todas as idades para promover uma experiência rica de troca de experiências mais rica. Estreitar as relações entre profissionais de diferentes gerações é crucial para expandir os horizontes, versatilidade e, acima de tudo, adaptabilidade das equipes a situações que, por mais que possam parecer inéditas, muito provavelmente se encaixam em movimentos cíclicos de mercado.
Envelhecer bem precisa ser prioridade hoje. Com o aumento da expectativa de vida, cuidar da saúde física e mental é essencial para um futuro mais ativo e feliz.Fonte: Getty Images
Sendo assim, é quase certo que alguns problemas que pegam muitos profissionais mais novos de surpresa, já foram encarados e superados por colegas de diferentes gerações. Com uma equipe diversa também no quesito de faixas etárias, o tempo de resposta a tais contextos acaba sendo muito mais ágil. Consequentemente, isto irá representar, possivelmente, a diferença entre sair rapidamente da crise e minimizar os controles de danos, ou tentar redescobrir o fogo para solucionar algo que já foi encarado antes por colaboradores mais experientes.
Paralelamente, situações que até já foram encaradas e superadas, mas com repercussões potencialmente problemáticas, também podem ser tratadas sob a luz da troca entre o que já foi feito e abordagens mais modernas.
Em todo o caso, o resultado é uma equipe muito mais versátil e capaz de lidar com problemas novos e recorrentes de forma mais adaptada a uma realidade em constante mudança, sem perder de vista erros e acertos do passado, maximizando sua eficiência.