Filme da Brasil Paralelo apresenta muçulmanos como vilões – 10/10/2024 – Mundo – EERBONUS
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Filme da Brasil Paralelo apresenta muçulmanos como vilões – 10/10/2024 – Mundo

Após assistir “From River to the Sea”, não é exagero dizer que, se você encontrar um árabe na esquina, tomará um susto e terá uma reação instintiva de proteger seus filhos e de sair correndo dali o mais rápido possível.

“From River to the Sea – Um Filme sobre a Guerra de Israel” é um ambicioso documentário muito bem produzido, editado e finalizado pela produtora de direita Brasil Paralelo. Teve um custo de R$ 1,5 milhão.

Foi lançado na segunda-feira (7), dia em que a guerra Israel-Hamas completou um ano. Em cartaz de forma gratuita no canal do YouTube da produtora, o filme está tendo uma resposta assombrosa: 1,4 milhão de acessos em 48 horas.

Dirigido por Filipe Valerim e Lucas Ferrugem, a obra utiliza teorias de conspiração e argumentos falaciosos da ultradireita para dizer que muçulmanos estão conquistando a Europa a partir da imigração ilegal e que o jihad —frequentemente entendido como a luta contra os infiéis, mas que no islã possui um significado mais amplo— é um movimento seguido cegamente por toda a população islâmica.

É um documentário ainda mais nefasto por se dizer imparcial. “Não tínhamos uma posição definida previamente e a gente, de fato, tentou ouvir todo mundo que conseguiu, tanto de pessoas mais alinhadas a Israel quanto pessoas dentro da faixa de Gaza”, disse Valerim à Folha.

“Enfim, tudo o que a gente conseguiu fazer para ouvir diferentes espectros, ouvir opiniões, buscar histórias e tentar fazer o trabalho mais honesto e intelectualmente possível”, afirmou o diretor, no lançamento para convidados que aconteceu em um cinema do shopping Ibirapuera.

Essa suposta isenção faz com que um espectador desavisado possa acreditar nas conclusões fascistas da obra e achar que está frente a um trabalho jornalístico sem viés ideológico.

Mas não precisava ser assim, pois o filme começa muito melhor do que acaba: sua primeira parte é muito mais equilibrada do que a segunda. Na introdução, por exemplo, por meio de recursos de animação, vemos uma rápida história do povo judeu e as razões pelas quais eles consideram Israel a terra prometida de seu povo.

Em seguida, somos apresentados ao início do islamismo e por que os muçulmanos consideram a existência do Estado de Israel uma invasão às suas terras milenares. São dois pontos de vista antagônicos que demonstram como o conflito é complexo.

A publicidade do filme segue o mesmo enfoque supostamente neutro: “Este não é um conflito apenas sobre territórios, mas um embate profundo entre valores, histórias e visões de mundo que moldam a vida de milhões.”

Assim, a Brasil Paralelo enviou uma equipe de quatro pessoas para ouvir cerca de 30 entrevistados in loco, entre membros das Forças de Defesa de Israel, ex-terroristas arrependidos e autores e estudiosos das culturas em debate, entre outros.

Também há o impressionante relato da sobrevivente Rafaela Treistman, namorada de um brasileiro assassinado no desumano ataque do Hamas em 7 de novembro de 2023, que matou cerca de 1.200, segundo Tel Aviv, e teve cerca de outros 250 sequestrados.

Por fim, são apresentadas crianças de Gaza que foram vítimas dos bombardeios de Israel, algumas delas agora amputadas. O que o documentário não faz, porém, é questionar a amplitude da retaliação israelense, que dizimou Gaza e deixou mais de 42 mil palestinos mortos.

E, como dito, tudo degringola sem nenhuma sutileza na parte final. De repente, bravatas de um ou outro árabe dizendo que irá conquistar o Ocidente se torna um plano de dominação mundial cuidadosamente orquestrado nas sombras.

Ao fim, quando são mostradas algumas dezenas de muçulmanos de Nova York se ajoelhando em direção a Meca e algumas centenas fazendo o mesmo em Londres, a impressão que se tem é que o plano maléfico já é irreversível.

Não por acaso, ao assistir as cenas acima, de muçulmanos rezando, os convidados da Brasil Paralelo para a estreia reagiram assim: “Nossa…”, “Meu Deus!”, “Como é que pode???”. Se houvesse algum seguidor do Islã naquela plateia, é provável que a sessão terminasse numa delegacia de polícia.

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