Jovens brasileiros levam demandas das favelas para líderes do G20 – EERBONUS
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Jovens brasileiros levam demandas das favelas para líderes do G20

Em novembro, os líderes das 20 maiores economias do mundo se reunirão no Rio de Janeiro para abordar diversos temas globais, incluindo o combate à pobreza e à crise climática. Dois jovens brasileiros criaram um movimento para garantir que a voz de moradores de favelas seja ouvida na tomada de decisões do G20.

A coalizão Favela20, ou F20, fundada por Gabriela Santos e Erley Bispo surgiu para favorecer a inclusão das pessoas que são altamente impactadas, seja pela falta de direitos humanos ou de infraestrutura, na busca de soluções.

ONU News/Felipe de Carvalho

Gabriela Santos e Erley Bispo, fundadores do F20

Luta por inclusão

Em entrevista para a ONU News, em Nova Iorque, Gabriela afirmou que a ideia veio da indignação que eles experienciaram em outros espaços de decisão internacionais.

“Na COP 28 foi um período de indignação. Assim que a gente chega lá, a gente não consegue ver corpos iguais aos nossos e vivências iguais à nossa dentro desses espaços, decidindo pela gente. Então, a gente acaba se unindo e falando: a gente precisa fazer alguma coisa para que a gente consiga ecoar para além do nosso território”.

Lançado em julho deste ano, o F20 já conta com 300 pessoas que representam ONGs espalhadas em favelas e periferias do Brasil inteiro, além de algumas organizações de refugiados de fora do país.

F20 defende mais direitos e infraestruturas nas favelas

Demandas urgentes do F20

De acordo com Erley, a atuação do F20 é voltada para a política internacional e para influenciar dentro da própria estrutura e funcionamento do G20. Nesse sentido, a iniciativa busca mecanismos de participação e incidência e produziu um documento político que será levado à atenção dos líderes do bloco.

“Tem algumas demandas urgentes, como a questão de investimento em infraestrutura, como a questão também, que a gente consiga, a partir dessa taxação dos 10% mais ricos, que é uma proposta do governo federal enquanto presidente do G20, nós queremos e lutamos para que esse investimento seja voltado a favelas e periferias, não só do Brasil, mas também de dentro do próprio G20, porque nós compreendemos que são, de fato, as pessoas que mais sofrem pela falta desse acesso”.

Segundo o jovem ativista, a partir desse investimento será possível para as populações das favelas “acessar vários outros direitos”, inclusive em agendas climáticas e em temas ligados à água e saneamento.

 Gabriela Santos, diretora executiva do Voz das Comunidades, no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro.

Tânia Rego/Agência Brasil

Gabriela Santos, diretora executiva do Voz das Comunidades, no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro.

Combate à desinformação nas favelas

Gabriela Santos é diretora-executiva do Voz das Comunidades, um veículo de comunicação comunitária que surgiu há 19 anos para “informar a favela o que acontece dentro dela” e “noticiar o que a grande mídia não mostra”.

Durante a pandemia de Covid-19, a Voz das Comunidades desenvolveu um trabalho de combate à desinformação, que depois se expandiu para outros temas. A iniciativa conta com mais de 20 grupos de WhatsApp, com mais de 100 moradores em cada um, por onde recebem dúvidas sobre se um conteúdo é verdadeiro ou falso.

A diretora da organização afirmou que o tema dos jogos de aposta têm sido uma pauta urgente no Brasil, principalmente nas periferias.

“É o jogo do tigrinho, por exemplo. E aí, o que a gente tem batido nessa questão de fato ou fake? A probabilidade de ele prosperar dentro desses jogos, que na verdade são jogos viciantes e aí acaba levando a população à pobreza. A população não está no nível financeiro adequado dentro do território, mas ela influi sim, mais ainda negativamente na economia do território, daquela pessoa, daquela família mesmo. Então a gente tem trabalhado na desinformação, principalmente dessa plataforma do Tigre, que a gente quer desmistificar o poder que ela coloca sobre a pessoa.”

Potência hídrica diminuindo no Brasil

Erley Bispo é fundador do Instituto Águas Resilientes, que mobiliza jovens em prol do acesso à água e ao saneamento na perspectiva dos direitos humanos. Nascido no agreste de Sergipe, ele disse que era comum sua família ficar semanas sem água e após se formar em Engenharia Florestal decidiu dar uma resposta a esse desafio.

“Então o que eu percebi foi esse problema que eu vivi, que minha família viveu, mais de 35 milhões de brasileiros e brasileiras vivem atualmente no Brasil e que é o saneamento. São mais de 100 milhões de pessoas que vivem sem saneamento adequado. Um dos pontos que eu percebi também quando eu comecei a compreender mais sobre estatísticas e de fato ganhar mais conhecimento, eu percebi que isso envolve questões de educação, de economia ou de habitação”.

Erley ressaltou que o Brasil tem um problema secular de acesso à água, saneamento e da higiene e com a crise climática “será ainda pior”.

O jovem sublinhou que a bacia amazônica, que compõe mais de 70% da água do Brasil, atualmente passa pela maior seca da sua história. Isso indica que a “potencialidade hídrica” do país vem diminuindo “gravemente” nesses últimos anos.

FONTE

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