O que se sabe sobre a capacidade militar do Hezbollah – 27/09/2024 – Mundo – EERBONUS
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O que se sabe sobre a capacidade militar do Hezbollah – 27/09/2024 – Mundo

Os ataques recentes feitos por Israel contra o Hezbollah representaram um golpe ao grupo libanês. O quão grande foi esse golpe, porém, ainda é incerto. Isso ocorre, em parte, porque a facção, como a maioria dos grupos armados, tem mantido em segredo sua capacidade militar.

O Hezbollah é apoiado pelo Irã, que o vê como seu procurador mais importante na região, e há décadas Teerã tem fornecido armas e outras tecnologias militares ao grupo.

Leia a seguir uma análise da força militar do Hezbollah, enquanto integrantes do grupo travam uma guerra contra Israel em apoio ao Hamas.

Quão grande é o Hezbollah?

A CIA (agência de inteligência dos Estados Unidos) estimou neste ano em 50 mil os combatentes armados do Hezbollah, embora nem todos sejam soldados em tempo integral. Isso tornaria o grupo um dos maiores da região, atrás dos houthis, que atuam no Iêmen e que a CIA estimou em 200 mil combatentes em 2022. O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, já disse que seu grupo tem 100 mil combatentes treinados.

Vale ponderar que um dos objetivos políticos do Hezbollah é se apresentar como um gigante capaz de enfrentar Israel de igual para igual. Assim, Nasrallah tem interesse em maximizar e potencialmente inflar o tamanho e a capacidade do grupo, segundo especialistas. A facção até abriu um museu no sul do Líbano para mostrar aos visitantes a história de sua luta contra Israel.

“É do interesse do Hezbollah se envolver numa guerra psicológica que amplifica seu poder e capacidade diante do inimigo”, disse Lina Khatib, associada do programa do Oriente Médio e Norte da África no grupo de pesquisa Chatham House, em Londres.

Ela disse que autoridades israelenses também inflaram a força do Hezbollah para apoiar as recentes ofensivas feitas pelo país, que incluíram alguns dos mais pesados ataques aéreos na guerra moderna.

E quanto às armas do Hezbollah?

O Hezbollah tem talvez o maior arsenal de qualquer grupo armado no mundo, excluindo governos, de acordo com especialistas. Além de metralhadoras, lança-granadas e morteiros, a CIA disse que a facção possui cerca de 150 mil foguetes e mísseis de vários tipos.

Nas últimas duas décadas, o Hezbollah “desenvolveu elementos de uma força militar convencional mais tradicional e demonstrou consideráveis capacidades militares”, disse a CIA. O grupo sofreu grandes perdas durante um conflito com Israel em 2006, mas, depois, seu armamento cresceu em tamanho e sofisticação, de acordo com os especialistas.

Mas as estimativas variam. Um relatório de março do Centro de Estudos Estratégicos Internacionais, uma organização de pesquisa com sede em Washington, estimou que o estoque de mísseis e foguetes do Hezbollah tem de 120 mil a 200 mil unidades, incluindo mísseis balísticos guiados, mísseis balísticos não guiados de curto e médio alcance e foguetes não guiados de curto e longo alcance.

“Devido à relação próxima do Hezbollah com o Irã, é provável que Teerã reabasteça rapidamente a facção se ela usar esse arsenal em um conflito com Israel”, disse o relatório, acrescentando que as relações do regime iraniano com a Síria facilitariam o fornecimento de armas.

Uma medida da força do Hezbollah são as armas que o grupo usou contra Israel no último ano. Na quarta-feira (25), a facção disse ter usado um míssil de médio alcance em uma tentativa de atingir a sede da agência de espionagem de Israel, Mossad, em Tel Aviv.

A ofensiva, porém, foi uma exceção. O Hezbollah fez mais de mil ataques contra o norte de Israel no último ano, usando drones explosivos, mísseis antitanque e foguetes de curto alcance, de acordo com uma análise do Instituto de Estudos de Segurança Nacional da Universidade de Tel Aviv.

A maior parte dos ataques foi interceptada pelas defesas de Israel. Um míssil disparado no domingo atingiu um bairro residencial na cidade de Kiryat Bialik, localizada a 27 quilômetros ao sul da fronteira. Foi um dos ataques mais robustos feitos pela facção.

Onde o Hezbollah obtém suas armas?

Khatib diz que o Hezbollah depende do Irã para grande parte de seu estoque, mas isso também tem limitações, dadas as sanções a Teerã. Ao mesmo tempo, ela disse que o grupo desenvolveu seu próprio programa para modificar e atualizar mísseis. Também construiu uma rede de túneis e bunkers para escondê-los.

O Hezbollah desenvolveu um arsenal para atacar infraestruturas críticas e cidades na tentativa de minar a determinação do governo israelense em caso de invasão terrestre, de acordo com Nicholas Blanford, analista baseado em Beirute do Atlantic Council, um think tank com sede em Washington.

Para fazer isso, ele disse que o grupo obteve armas e outras tecnologias militares, não apenas do Irã, mas também da Síria e, indiretamente, da Rússia, bem como do mercado clandestino. Mas até agora, o Hezbollah tem se baseado principalmente em armas antigas, como foguetes Katyusha, e não utilizou seu equipamento mais avançado, que inclui mísseis capazes de atingir tanques e navios.

“O material bom que eles têm, como mísseis guiados por precisão, está sendo mantido em reserva”, disse Blanford em entrevista. “O dia em que o Hezbollah começar a usar esses mísseis é o dia em que um conflito relativamente limitado se transformará em uma grande guerra.”

E quanto aos mísseis de longo alcance?

Os ataques do Hezbollah no último ano levaram Israel a ordenar a retirada de dezenas de milhares de pessoas do norte de Israel, mas o grupo também tem capacidade de atacar cidades mais ao sul.

O Instituto de Estudos de Segurança Nacional mencionou um míssil no arsenal do grupo que tem alcance aproximado de 200 km e poderia transportar uma carga útil de mais de 450 kg. Descreveu esse míssil, o Zelzal, como impreciso, mas disse que o Hezbollah também poderia usar outro tipo de míssil, o Fateh-110, que é mais avançado, preciso e poderia superar o Zelzal em alcance e carga útil.

Khatib disse que o Hezbollah teria relutância em usar suas armas mais poderosas no conflito atual e provavelmente as empregaria em caso de uma guerra regional em grande escala.

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