O estresse pode mudar o nosso DNA? Entenda o que é a epigenética – EERBONUS
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O estresse pode mudar o nosso DNA? Entenda o que é a epigenética

Possivelmente o termo epigenética já apareceu para você em algum anúncio ou notícia. Esse é um tema de destaque, em franco crescimento na área da biologia, que estuda a interação entre o meio ambiente e como nossa genética pode ser afetada por ele.

Para alguns, é uma chance de vislumbrar a possibilidade de uma reprogramação genética, desde que você siga à risca uma porção de regras de alimentação e atividade física, além de morar no campo sem a presença de poluição e acordando com o canto dos pássaros.

Para outros, é a forma pela qual podemos compreender por qual motivo pessoas que dividem a mesma genética não, necessariamente irão desenvolver os mesmos tipos de doenças. Intrigado? Se prepare para lembrar de conceitos básicos de genética e sobre sua mutabilidade influenciada pelo contexto.

Viver no campo pode ser uma saída para uma vida mais saudável, mas não garante que ela, de fato, será livre de doenças. Fonte: Getty Images

Uma breve aula de genética

 Todos são criados a partir de uma receita complexa de quatro ingredientes: Adenina, Timina, Citosina e Guanina. Esses quatro elementos são chamados de bases nitrogenadas do DNA, que codificam todo nosso código genético.

Essas bases se unem em trios, podendo ser formados por AAG, AUG, ACG, e assim por diante, em 64 possibilidades diferentes. Essas trincas são chamadas de códons, e formam nossos aminoácidos, que juntos formam cadeias maiores, gerando peptídeos, proteínas e toda nossa existência.

RNA códigosSão 64 combinações de bases, mas às vezes, as combinações podem ter falhas.Fonte: Getty Images

Mas além de letras, nosso código genético também exige uma matemática refinada e precisa. Nossa receita primordial exige quantidades exatas de combinações de códons para gerar um código genético funcional. Quando ocorre alguma alteração na sequência dos códons, ou falta de um deles, podem surgir síndromes e doenças complexas, como o câncer.

 Algumas dessas sequências, deleções ou falhas no código genético podem ser passadas de geração em geração. No entanto, em alguns casos, essas cadeias de códons, que formam os genes, podem não surtir os efeitos esperados para aquela apresentação genética. E isso pode estar ligado à epigenética.

Afinal, o que é epigenética?

 A epigenética é uma área de estudo da biologia que investiga como o meio ambiente pode alterar como nossos genes se comportam. Há indícios de que determinadas interações ambientais possam silenciar a expressão de genes problemáticos.

 Quando falamos em expressão genética, estamos nos referindo a uma ativação. Alguns genes podem ficar “adormecidos” enquanto não houver nada que possa colocá-lo em funcionamento.

DNAExemplificando, alguns genes podem ser inativados, mesmo não sendo excluídos da receita original. Fonte: Getty Images

Segundo os estudos da epigenética, qualidade do ar onde se vive, qualidade alimentar, condições sanitárias, prática de exercícios físicos, ambiente de trabalho sem estresse, entre outros contextos e fatores, podem ser responsáveis por como nosso corpo irá funcionar, desenvolvendo, ou não, doenças ou alterações metabólicas.

 Alegoricamente, pense em irmãos gêmeos univitelinos. Eles compartilham do mesmo DNA. Quando crianças, o gêmeo 1 preferia ficar em casa, enquanto o gêmeo 2, gostava de brincar no parque de diversões.

Enquanto cresciam, o gêmeo 1 sempre optava por atividades internas, em ambientes mais tranquilos, enquanto o gêmeo 2 gostava de esportes de aventura. Na velhice, o gêmeo 1 possuía uma vida saudável, enquanto o gêmeo 2 desenvolveu um câncer de próstata.

Irmãos gêmeosVocê achava que seria o gêmeo 1 a adoecer? Fonte: Getty Images

Conforme a visão que possuímos de genética, ambos os gêmeos têm o potencial para desenvolver câncer, pois os genes daqueles organismos possuem uma predisposição para a doença.

 De acordo com, uma visão epigenética, o gêmeo 2 pode ter entrado em contato com algum fator ambiental que possa ter desencadeado o desenvolvimento da doença, enquanto seu irmão, se manteve privado do contato com o mesmo desencadeador.

 Entretanto, como a genética em si, os fatores e elementos que podem levar à ativação e a expressão dos genes “defeituosos”, ainda permanecem em investigação.

É possível “apagar” os genes ruins com a epigenética?

Seria ótimo se fosse possível, mas não é. A epigenética é capaz de alterar a expressão dos genes, ou seja, o contato com o ambiente e seus elementos, pode alterar a forma com que aquele elemento genético se comporta, mas não é capaz de apagar ele do seu DNA.

 Você continuará perpetuando sua cadeia genética para seus descendentes, e eles continuarão carregando aquela predisposição ao desenvolvimento de algumas doenças, como diabete, cânceres e até vícios.

Mas calma, sabendo que existem fatores de risco e sabendo da potencialidade do uso da epigenética na sua vida, há tempo para alterar comportamentos e se beneficiar de uma mudança de vida.

 Conhecer sobre epigenética te ajuda a pensar não somente em hábitos pessoais mais saudáveis, mas também a refletir sobre o ambiente em que você os pratica.

 Claramente, apesar de poder ser utilizada como uma conduta de prevenção, ela não garante que alguns genes aberrantes não possam se manifestar ou ser transmitidos para gerações posteriores. Use as informações sobre epigenética sabiamente e cuidado com golpes.

 Mantenha-se atualizado como mais conteúdos como esse,  aqui no TecMundo. Se desejar, aproveite para entender, porque a genômica é a pontada como o futuro da ciência. Até mais!

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