França:Macron insta rivais a se unirem contra ultradireita – 12/06/2024 – Mundo – EERBONUS
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França:Macron insta rivais a se unirem contra ultradireita – 12/06/2024 – Mundo

O presidente da França, Emmanuel Macron, instou seus rivais à esquerda e à direita a se unirem a ele na construção de uma frente contra a ultradireita nas próximas eleições legislativas nesta quarta-feira (12).

O chefe do Estado francês havia anunciado a antecipação do pleito no domingo (9), cerca de uma hora depois que as projeções dos resultados da votação para o Parlamento Europeu mostraram que o partido da extremista Marine Le Pen, o Reunião Nacional (RN), conseguiu quase o dobro de votos da legenda macronista.

Esse avanço da ultradireita foi o grande centro das declarações de Macron na coletiva de imprensa desta quarta.

Nelas, Macron afirmou ter um certo nível de responsabilidade pelo resultado e disse que a alta porcentagem de votos na ultradireita era “um fato político que não pode ser ignorado”. “Vocês expressaram sua revolta, recado recebido. Mas será que expressar revolta é uma solução para [os problemas do] o dia-a-dia? Eu digo que não.”

Já em clima de campanha, ele criticou ambas a direita e a esquerda radicais.

A ultradireita, simbolizada pelo RN —que tem entre as suas principais bandeiras o euroceticismo e o combate à imigração— levaria ao empobrecimento da classe trabalhadora e dos aposentados, disse ele.

“Qual é a resposta na prática? Eles não sabem”, afirmou, acrescentando que, caso chegasse ao poder, o partido apenas ameaçaria o Estado de Direito francês em vez de resolver as angústias da população.

Já os ultraesquerdistas, segundo ele, teriam inclinações antissemitas e seriam plácidos demais para implementar mudanças.

A solução seria, assim, ter uma postura mais firme em áreas como imigração e segurança, pautas tradicionais da direita. E formar um uma coalizão para governar e “agir a serviço dos franceses e da república”, concluiu o presidente, convocando eleitores e líderes políticos que “não se reconhecem como extremistas” a se unir a ele.

Macron ainda usou o encontro com a imprensa para defender sua opção por antecipar as eleições legislativas —segundo ele, uma forma de separar o joio do trigo ao revelar quem só está na política por interesses próprios e quem realmente deseja fortalecer a França. “Não quero abrir a porta para a extrema direita em 2027, então aceito completamente a responsabilidade por ter disparado um movimento para esclarecer essa situação.”

A decisão de dissolver a Assembleia Nacional pegou de surpresa a classe política, que se viu forçada a formar alianças e lançar campanhas não só três meses antes do previsto, como em meio às férias escolares e às vésperas das Olimpíadas de Paris. O primeiro turno das eleições legislativas acontece em 30 de junho, e o segundo, em 7 de julho.

A própria legenda de Macron, Renaissance, parece não ter reagido bem à ideia do líder. Edouard Philippe, ex-primeiro-ministro e potencial candidato da sigla nas próximas eleições à Presidência, afirmou não ter certeza de que era “inteiramente saudável o presidente conduzir uma campanha legislativa” em entrevista à BFM TV na noite de terça-feira (11).

Movimentações iniciais dos partidos também são alvos de controvérsia. É o caso de uma sugestão de Eric Ciotti, líder do partido conservador Republicanos, de se aliar com o RN, para o político um passo necessário para evitar que a esquerda conquiste maioria no Legislativo.

Se adotada, a medida significaria o fim de um consenso de décadas entre as siglas tradicionais francesas de impedir o acesso da ultradireita ao poder.

A ideia de Ciotti foi mal recebida pelos demais membros do Republicanos, que convocaram uma reunião de emergência para esta quarta. Alguns dos afiliados da sigla pediram inclusive que o líder seja afastado da posição. “Ele não tem legitimidade”, disse a senadora Agnes Evren à BFM TV.

Macron, por sua vez, comparou a proposta a “um acordo com o Diabo” e afirmou que “a máscara caiu” para as legendas que agora buscam formar “alianças antinaturais”, nas suas palavras.

De acordo com um levantamento desta semana, as eleições devem dar ao RN uma votação avassaladora, mas é provável que ele não conquiste maioria absoluta no Parlamento.

Mesmo que isso aconteça, Macron continuaria na Presidência por mais três anos e seguiria no comando das estratégias de defesa e da política externa. Mas perderia o controle sobre a agenda doméstica, que abrange áreas como política econômica, finanças, migração e segurança.

Na coletiva de imprensa, o presidente afirmou, porém, que não renunciará ao comando do Executivo caso sua legenda perca o pleito.

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