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Código aberto, uma tecnologia em constante evolução

Por Fernando Arditti

O software de código aberto (ou de open source, conforme conhecido em inglês) como conhecemos completou 40 anos no ano passado. O movimento começou com Richard M. Stallman, um programador do Laboratório de Inteligência Artificial do Massachusetts Institute of Technology (MIT), que queria modificar o código-fonte de uma impressora para corrigir um frequente erro naquele modelo. Mas Stallman tinha um problema: ele não tinha acesso ao código-fonte da máquina, já que era contra os princípios do Laboratório.

Stallman então ponderou que o software deveria ser aberto, para que qualquer pessoa pudesse trazer soluções para melhorá-lo. Desde então, o código aberto foi muito além do que Stallman poderia ter imaginado e é hoje parte essencial para os negócios de milhares de empresas de diferentes tamanhos em todo o mundo.

Diria até que a importância dele é inestimável, mas um estudo da Harvard Business School e da Universidade de Toronto chegou à conclusão de que o código aberto vale até 8,8 trilhões de dólares para os usuários. Se o software fosse fechado, o gasto seria 3,5 vezes maior.

E a percepção desse valor está no dia a dia dos desenvolvedores. A adoção do código aberto acelera a evolução das soluções, já que não depende somente das companhias que as desenvolvem.

É uma iniciativa colaborativa que incentiva uma troca de ideias e experiências para superar desafios e criar novas tecnologias. É um princípio básico na WSO2, por exemplo, que disponibiliza os produtos em código aberto desde a fundação.

Outra grande vantagem do código aberto é ser versátil, podendo ser adaptado para necessidades específicas de cada empresa, não importando a área de atuação. Além disso, o software de código aberto garante continuidade de negócio para seus usuários, seja qual for o destino da empresa fabricante. Por exemplo, caso um fornecedor de software aumente o preço, ou mesmo que o usuário tenha que reduzir o orçamento, é possível migrar para o código aberto em vez de encerrar o projeto ou seguir para uma alternativa que possa consumir mais tempo e custo.

Também vemos outro momento interessante para adoção do open source: quando o projeto ainda não está maduro e em fase teste – permitindo o ajuste da estrutura de forma mais maleável e a zero custo. À medida que o projeto está mais maduro e a ponto de escalar, é possível seguir pelo caminho da subscrição, que traz vários tipos de suporte. Normalmente, um fornecedor global de software trabalha com companhias locais, que usam o conhecimento para regionalizá-lo e incorporá-lo nos sistemas dos clientes.

Versátil, o código aberto, pode ser adaptado para as necessidades específicas de cada empresa.Fonte: Getty Images

Este meio de campo é altamente importante, uma vez que todos os processos de adaptação até ao uso final devem seguir padrões de qualidade e segurança, além de regulamentações de cada país. Ter amparo em todas as etapas, incluindo no uso diário, é um fator decisivo para o sucesso da implementação e do futuro do negócio. Considerando estes fatores, não surpreende vermos um crescimento no uso de código aberto em diversos setores, tanto públicos quanto privados.

Segundo a Open Source Initiative, 95% das companhias aumentaram ou mantiveram a utilização de software de código aberto em 2023 e 33% disseram que o uso aumentou significativamente. Além disso, o relatório também mostrou que a América Latina foi uma das regiões que apresentou maior crescimento na adoção do código aberto, o que vai ao encontro de uma grande tendência de transformação digital apresentada pelos países latino-americanos, dentre os quais o Brasil se destaca.

Mesmo depois de quase 41 anos, o código aberto está em constante evolução e estamos vendo cada vez mais maneiras de aproveitar o seu potencial. Assim como Stallman lá atrás, não sabemos os limites desta tecnologia, mas compreendemos que ela pode nos ajudar de diversas formas, tanto em situações mais complexas, como modelos de Inteligência Artificial avançados, quanto nas mais simples, como uma impressora mais casmurra.

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Fernando Arditti, vice-presidente e gerente-geral da WSO2 na América Latina.

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