Rússia lembra centenário da morte de Lênin sem eventos oficiais – 21/01/2024 – Mundo – EERBONUS
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Rússia lembra centenário da morte de Lênin sem eventos oficiais – 21/01/2024 – Mundo

Dezenas de russos homenagearam neste domingo (21) o líder revolucionário Vladimir Lênin, que morreu há exatos cem anos, numa cerimônia de colocação de flores em seu mausoléu organizada pelo Partido Comunista. A tumba do pai da Revolução bolchevique fica na Praça Vermelha, em Moscou, próxima ao Kremlin.

Contudo, as autoridades não planejaram nenhum evento oficial para marcar o centenário. O legado de Vladimir Ilich Ulianov vem desaparecendo para a sociedade russa, sobretudo depois de críticas do presidente Vladimir Putin.

Três dias antes do início da ofensiva russa contra a Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, Putin negou em um discurso a realidade da nação ucraniana e acusou Lênin de ter inventado a Ucrânia, ao fundar a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

Segundo Putin, o Estado ucraniano fica em terras russas, e Lênin, ao criar as repúblicas soviéticas com um pouco de autonomia, permitiu a emergência de nacionalismos e a posterior implosão da URSS.

“Por culpa da política bolchevique, surgiu a Ucrânia soviética. Seria perfeitamente justificado chamá-la de Ucrânia de Lênin. É seu inventor, seu arquiteto”, afirmou.

No entanto, a figura de Lênin não foi totalmente apagada. Seu retrato segue presente no centro de muitas cidades russas, embora a maioria de suas estátuas tenha sido destruída após a queda da URSS.

Josef Stálin é o dirigente soviético a quem Putin mais faz menção. E não precisamente para denunciar a dura repressão de seu regime, mas para enaltecer o homem de Estado e líder de guerra que venceu a Alemanha de Hitler.

Desde o início da guerra da Ucrânia, Putin centra sua campanha no legado da Segunda Guerra Mundial e compara as autoridades ucranianas aos nazistas.

Aos olhos do Kremlin, Stálin segue sendo um modelo vitorioso e Lênin, um perdedor.

“O poder atual precisa de Stálin porque é, ao mesmo tempo, um herói e um vilão”, disse à agência de notícias AFP Alexei Levinson, sociólogo do instituto de pesquisas independente Levada. “Venceu a guerra, assim se apagam todas as suas atrocidades.”

“Lênin é o líder da revolução mundial, que nunca ocorreu. Lênin é o líder do proletariado mundial, que não existe. Lênin é o criador do Estado socialista, que não existe mais e ninguém quer que volte a se levantar”, afirmou o especialista.

Após a morte de Lênin, em 21 de janeiro de 1924, aos 53 anos, as autoridades soviéticas, por ordem de Stálin, decidiram embalsamar seu corpo e construir seu mausoléu.

O edifício de pedras vermelhas e pretas foi concluído em outubro de 1930. Em 1953, os restos mortais de Stálin foram transferidos para junto dos de Lênin, mas foram retirados em 1961.

Na era soviética, grandes multidões se reuniam diante dos restos de Lênin. Atualmente, apenas alguns nostálgicos seguem homenageando o líder revolucionário.

O corpo embalsamado se tornou, sobretudo, uma atração turística. Uma vez a cada 18 meses, o mausoléu é fechado para que cientistas possam reparar a deterioração dos restos mumificados.

Segundo a agência de notícias estatal Tass, restariam apenas 23% do corpo de Lênin no sarcófago de vidro blindado, mantido a uma temperatura de 16°C.

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