‘Não’ a ato anti-homofobia tira de jogo atletas na França – 15/05/2023 – O Mundo É uma Bola – EERBONUS
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‘Não’ a ato anti-homofobia tira de jogo atletas na França – 15/05/2023 – O Mundo É uma Bola

No Campeonato Brasileiro, aconteceu neste domingo (14) a paralisação no segundo tempo, por alguns minutos, do clássico paulista Corinthians x São Paulo, no estádio de Itaquera.

Lotado por corintianos no Dia das Mães (muitas delas estiveram presentes na arena alvinegra), o estádio foi palco de verso homofóbico entoado pelos corintianos, contendo o termo “bichas”, direcionado de forma geral aos são-paulinos, com o intuito de questionar a masculinidade.

O árbitro Bruno Arleu, tomando conhecimento do coro, interrompeu o confronto, indo até a lateral do campo, onde estavam os treinadores (Vanderlei Luxemburgo e Dorival Júnior) e o quarto árbitro. Os capitães das equipes (Cássio, do Corinthians, e Rafinha, do São Paulo) também ficaram cientes do fato.

No placar do estádio, mensagem informava que não eram permitidos cânticos discriminatórios, racistas, homofóbicos ou xenófobos.

Se fosse em outros tempos, frases assim não causariam problema algum. Fazia parte do jogo, e ninguém reclamava.

No quarto final do século passado, era comum no estádio a torcida de um time ofender constantemente jogador(es) e/ou treinador do outro, e/ou o árbitro (e os auxiliares) da partida, com o grito “Fulano, veado, fulano veado!”.

Eu, ainda garoto, considerava coisa normal. E tinha certeza de que os torcedores que verbalizavam a ofensa o faziam menos por considerar que o alvo era gay e mais para tentar irritar, tirar a concentração dele, desnorteá-lo. Ataque psicológico inoperante, que não costumava funcionar.

Só que o comportamento não era digno de aprovação, nenhuma ofensa ou xingamento é, e como evoluímos como sociedade e começamos a perceber e a condenar esse tipo de atitude, atualmente elas não passam despercebidas e são amplamente criticadas.

A Europa é um dos continentes que mais têm estado atento aos preconceitos e agressões às minorias.

Em relação à homofobia, na rodada do fim de semana equipes da primeira e da segunda divisão da França levaram a campo seus jogadores com o número nas costas da camisa pintado com as cores do arco-íris.

O arco-íris é símbolo da causa LGBTQIA+ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queer, intersexuais, assexuais e demais orientações sexuais e identidades de gênero).

Teve atleta, entretanto, que não concordou em participar da campanha, simples, criativa e que deveria ser imitada em outros lugares, aqui inclusive.

Foram os casos, conforme noticiou a agência de notícias AFP, do atacante marroquino Zakaria Aboukhlal, do Toulouse, do atacante egípcio Mostafa Mohamed, do Nantes, e do zagueiro senegalês Donatien Gomis, do Guingamp.

Com a recusa, Aboukhlal e Mohamed, que vinham sendo titulares, foram afastados do jogo –Toulouse e Nantes fizeram um confronto direto na divisão principal, que terminou 0 a 0– pela direção de seus respectivos clubes. Gomis se autoexcluiu do duelo com o Sochaux, no campeonato de acesso.

Ao não relacionar para a partida jogadores que não concordam com uma iniciativa de inclusão e respeito, as equipes acertam. Dão exemplo. Mostram à sociedade que não há mais espaço para discriminação. Que outros tempos, indignos e permissivos, eram outros tempos.

As camisas utilizadas pelos jogadores das duas divisões francesas serão fornecidas para leilão, e os fundos arrecadados irão para entidades que lutam pelos direitos dos LGBTs.

Voltando ao ocorrido em Corinthians x São Paulo, a partida foi reiniciada depois do recado no placar eletrônico, não se sabendo de incidente posterior similar, e terminou 1 a 1.

Resta saber se as autoridades do futebol nacional tomarão alguma medida disciplinar contra o Corinthians (multa, perda de mando de jogos, perda de pontos), mostrando que estão de fato preocupadas com a homofobia que parte da torcida, ou se ficará por isso mesmo.

Sou pragmático e considero improvável qualquer punição.

No Brasil, a percepção é a de que se colocam no papel várias normas apenas para que constem, para que se pense que algo bom está sendo feito.

Na prática, quando elas devem ser aplicadas, fecham-se os olhos e a vida segue, com as repugnâncias e ascos não sendo tolerados somente na teoria.


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