Considerado um pequeno Estado insular em desenvolvimento, São Tomé e Príncipe enfrenta desafios específicos de segurança marítima e é impactado por efeitos indiretos da instabilidade política no continente africano.
Em entrevista para a ONU News durante a Assembleia Geral da ONU em setembro, o primeiro-ministro do país, Patrice Trovoada, comentou como os desafios econômicos se desdobram em desafios de segurança.
Primeiro-ministro destaca desafios de segurança em São Tomé e Príncipe
Conflitos por falta de peixe
“Hoje em dia, nós que somos insulares, os países da costa têm tido uma grave crise de pescado. Hoje vocês assistem até a quase conflitos no mar por causa de zonas de pesca entre pescadores artesanais, tradicionais, por quê? Porque os grandes industriais já levaram todo o nosso peixe. Então proteção marinha, luta contra a pesca ilegal são outros fatores que é preciso atender.”
Segundo ele, as consequências dessa dinâmica são a pirataria e o aumento de “jovens que se aventuram no crime” ou que morrem tentando atravessar o mediterrâneo em busca de uma vida melhor.
Trovoada afirma que para lidar com os desafios de segurança é preciso olhar para os desafios socioeconômicos, especialmente da camada jovem da população.
Dentre as medidas para reforçar a segurança marítima, ele citou parcerias com países europeus, com o Brasil e com nações do Golfo da Guiné.
Uma mulher aprende a escrever em São Tomé e Príncipe
Governança regional
Sobre a instabilidade política recente no continente africano, mencionada por diversos líderes durante a Assembleia Geral da ONU, Trovoada ressaltou a importância das articulações regionais na melhora da governança na região.
“Nosso desafio é a boa governação e a prevenção de conflitos por antecipação. E nós temos que dar atenção a isso e essa prevenção não pode ser uma prevenção só unilateral ou dos próprios Estados. Nós estamos inseridos em espaços econômicos regionais e eu penso que é preciso que essas nossas instituições regionais também funcionem e façam com que haja essa economia, diplomacia, segurança preventiva de modo que esses atropelos às ordens constitucionais não aconteçam. Quando há golpes de Estado e vê-se na rua a população a festejar é porque há um problema de governação”
Segundo o líder são-tomense, os recentes golpes de Estado em países africanos ainda não afetaram seu país, mas as repercussões indiretas afetam todo o continente.
O primeiro-ministro citou ainda as redes sociais como um “fator de desestabilização” que requer monitoramento constante, de maneira que ameaças sejam identificadas, mas sempre preservando a liberdade de expressão.