Os líderes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, evitaram abordar o conflito no Oriente Médio em seus discursos, na abertura do fórum que comemora o décimo aniversário da Iniciativa Cinturão e Rota, nesta quarta (18) em Pequim.
O evento reúne 140 países e também organizações multilaterais. A guerra foi tratada pelo terceiro a discursar na abertura, o secretário-geral da ONU. “Algumas palavras sobre a catástrofe no Oriente Médio”, disse António Guterres ao final. Lembrou ter questionado as “ações de terror” do Hamas e acrescentou:
“Mas aqueles ataques não podem justificar a punição coletiva do povo palestino. Estou horrorizado com as centenas de pessoas mortas em nosso hospital em Gaza, por um ataque condeno fortemente. Peço um cessar-fogo humanitário imediato.”
Xi, primeiro a falar, anunciou os próximos passos do programa de infraestrutura chinês, que investiu cerca de US$ 1 trilhão na última década, em projetos em mais de uma centena de países, em sua maioria do Sul Global. Serão oito frentes a partir de agora, inclusive desenvolvimento “verde”, integração turística e uma “rota da seda de comércio eletrônico”.
Xi descreveu a BRI como uma “sinfonia de amizade”, com desenvolvimento para todos os participantes. “O desenvolvimento da China não é só para ela mesma”, disse. O discurso foi carregado de metáforas, por exemplo: “Quando você dá rosas para outras pessoas, a fragrância permanece em sua mão”. Prevendo “ventos contrários e favoráveis”, pediu persistência.
O fórum acontece logo após a divulgação do PIB chinês do terceiro trimestre, com crescimento de 4,9% em relação ao período no ano anterior, resultado acima daquele projetado por analistas ouvidos pela agência Reuters, que apontavam 4,4%. Economistas ouvidos após o anúncio preveem agora que o país alcance sua meta de 5% para o ano.
Putin, em seu discurso, elogiou o líder chinês. “Diante da escala global do projeto iniciado por Xi Jinping há dez anos, esperava-se que nem tudo corresse bem, mas a China conseguiu fazê-lo”, disse, acrescentando que, junto com os programas da Rússia e de outros países, serão alcançadas “soluções realmente efetivas e coletivas para problemas internacionais”.
Afirmou que, na presidência do grupo Brics, irá buscar ampliar as conexões econômicas entre Ásia e Europa, citando a União Econômica Eurasiática, que reúne ex-repúblicas soviéticas, e a Rota do Mar do Norte, a faixa de transporte comercial russo no Ártico. Abordou especificamente uma ferrovia projetada para ligar o Ártico ao Sul da Ásia, através da Rússia e de outros países.