Nomes cotados para substituir Joe Biden, 81, na chapa democrata na disputa pela Casa Branca têm desempenho semelhante ao do atual presidente contra Donald Trump, 78, mostra uma pesquisa encomendada pela CNN divulgada nesta terça-feira (2), em meio à pressão crescente para que Biden se retire da corrida.
O levantamento, realizado entre os dias 28 e 30 de junho —após, portanto, a desastrosa performance de Biden no debate presidencial— mostra o democrata em desvantagem numérica contra Trump (49% a 43%). Como a margem de erro é de 3,5 pontos percentuais, os dois candidatos estão tecnicamente empatados. Os números são os mesmos apurados na pesquisa anterior, de abril.
Todos as alternativas a Biden, caso o presidente ceda à pressão e abra mão da corrida, estão atrás de Trump por uma diferença igual ou inferior à observada no caso do atual presidente —mesmo não tendo a mesma projeção nacional do democrata e sem estarem em campanha.
A vice-presidente Kamala Harris é a que pontua melhor, com 45% das intenções de voto contra 47% do republicano. Se o nome na disputa for o governador da Califórnia, Gavin Newsom, o placar é 48% a 43% em favor de Trump.
No caso do secretário de Transportes, Pete Buttigieg, a diferença cai para 47% a 43%. A governadora de Michigan, Gretchen Whitmer, obtém 42% das intenções de voto, contra 47% de Trump.
Excluindo da comparação a vice-presidente, Newsom é o menos desconhecido do grupo (31% dizem nunca ter ouvido falar dele), mas também o com maior rejeição (31% dizem ter uma opinião desfavorável dele). Buttigieg, por sua vez, é desconhecido por 35% e rejeitado por 25%. Praticamente metade dos entrevistados afirma nunca ter ouvido falar em Whitmer, o que ajuda a explicar sua taxa de rejeição pequena, de 18%.
A pesquisa também mostra uma queda na aprovação de Biden em relação ao último levantamento, de 40% para 36%.
O levantamento foi divulgado em meio a relatos na imprensa americana de que governadores democratas conversaram por telefone nesta segunda (1º), preocupados com a corrida pela Casa Branca e com o fato de não terem sido contatados por Biden desde o debate.
Temendo a repercussão negativa dentro do partido e junto à Casa Branca de criticar publicamente o presidente, os principais nomes democratas têm evitado pedir publicamente a saída de Biden da corrida.
No entanto, sintoma da crise crescente que se aplaca sobre a agremiação, nesta terça o primeiro congressista do partido disse publicamente apoiar a ideia. “Eu represento o coração de um distrito congressional que já foi representado por Lyndon Johnson. Em circunstâncias muito diferentes, ele tomou a dolorosa decisão de se retirar. O presidente Biden deveria fazer o mesmo”, disse o deputado texano Lloyd Doggett, 77, em nota divulgada pelo seu gabinete.
A declaração ocorreu após a ex-presidente da Câmara Nancy Pelosi, um dos grandes nomes do partido, afirmar à rede MSNBC que acha legítimo questionar a aptidão de Biden para exercer um novo mandato —ela se referia a questionar se o que se viu no debate foi um episódio pontual ou uma condição estabelecida.
Pelosi, 84, ressaltou que a pergunta deve ser feita a ambos os candidatos, em disse que em todos os seus contatos com o presidente, ele “está em seu melhor”, e elencou várias conquistas de seu mandato.
Outro deputado democrata que avançou publicamente em relação ao que colegas têm falado sobre um plano B foi James Clyburn, da Carolina do Sul. Codiretor da campanha de Biden e um de seus mais importantes apoiadores nas primárias de 2020, Clyburn disse nesta terça à MSNBC que apoiaria a vice, Kamala Harris, se o presidente se retirar da corrida.
Como Pelosi, ele ressaltou que vê Biden como um candidato forte e que, em seus contatos com eleitores, o presidente mantém apoio das bases.
Mais cedo, outro deputado do partido, o representante de Illinois Mike Quigley, 65, disse que o partido precisa ser honesto consigo mesmo e admitir que “não foi apenas uma noite horrível”, mas que não iria além disso em seus comentários “por respeito e compreensão ao presidente Joe Biden, uma pessoa que nos serviu extraordinariamente bem por 50 anos”.
“Acho que seus quatro anos são uma das grandes presidências de nossa vida, mas acho que ele precisa ser honesto consigo mesmo”, afirmou Quigley à CNN.