Caminhamos para três meses da doída eliminação do Brasil da Copa do Mundo no Qatar, e a maior lembrança que tenho daquele jogo é a bobagem tática que Fred cometeu.
Naquele 9 de dezembro, com a seleção brasileira em vantagem por 1 a 0, gol de Neymar, bastava administrar o resultado diante de uma aparentemente inofensiva Croácia para assegurar a passagem à semifinal.
Para fortalecer a marcação no meio-campo, o técnico Tite colocou em campo, para o segundo tempo da prorrogação, o volante Fred, conhecido pela pegada firme.
Tudo ia bem até que, faltando pouco mais de quatro minutos para o término da partida, Fred, sabe-se lá o porquê, decidiu avançar para disputar uma bola.
Ele foi até perto da área adversária, perdeu a dividida com Gvardiol, e avançou mais, até a linha de fundo, ainda atrás da bola.
Não a recuperou, e no contra-ataque, sem a ajuda de Fred no combate, os croatas empataram –depois, superaram o Brasil nos pênaltis.
Futebol é um jogo coletivo, e o discurso de praxe é “quando ganhamos, todos ganhamos; quando perdemos, todos perdemos”. É isso, só que inúmeras vezes uma falha individual compromete o conjunto.
Na Copa, Fred foi vilão. Se há um culpado maior por a seleção brasileira ter sofrido aquele gol, Fred é o tal.
O Brasil caiu, a vida seguiu, e Fred retomou suas atividades futebolísticas em seu clube, o Manchester United.
E, como fez naquele fatídico dia pela seleção no Oriente Médio, continuou indo ao ataque. Se com anuência ou não do treinador Erik ten Hag, não sei. O que sei é que tem dado certo. Muito certo.
No período pós-Copa, iniciado pouco antes do Natal, Fred anotou cinco gols nas 20 partidas que disputou, em um intervalo curto, de pouco mais de dois meses.
Jamais na carreira o jogador de 29 anos, no Man United desde 2018 e que antes defendeu o gaúcho Internacional e o ucraniano Shakhtar Donetsk, conseguiu fazer tantos gols, mesmo em uma temporada completa, que dura em torno de nove a dez meses.
O canhoto Fred vem tendo sucesso recente em suas empreitadas ofensivas em todas as competições de que os Diabos Vermelhos participam. Fez um gol na Premier League (o Campeonato Inglês), um na Liga Europa, um na Copa da Liga Inglesa e dois na Copa da Inglaterra.
O mais recente saiu nessa última Copa, nesta quarta (1º), quando, pelas oitavas de final, o Man United derrotou por 3 a 1 o West Ham no estádio Old Trafford, em Manchester.
Fred começou na reserva e só entrou aos 41 minutos do segundo tempo, quando o jogo estava 1 a 1. Supostamente, o camisa 17 deveria se dedicar a marcar, sem incumbências ofensivas.
Foi pé-quente e viu o time passar à frente, gol do argentino Garnacho, o que impôs mais prioridade defensiva ao brasileiro.
Mas eis que lá foi Fred à frente, acompanhando a tentativa do Man United de manter, na ponta direita, a bola longe da meta defendida pelo goleiro De Gea.
Fred posicionou-se na entrada da área e, sem marcação, recebeu passe do holandês Weghorst depois de bobeira da defesa do West Ham e finalizou para balançar as redes e dar um peixinho na comemoração.
Cinco gols em 65 dias –o primeiro da série foi no dia 27 de dezembro– e um total de seis em partidas válidas por competição desde o começo da temporada 2022/23, fazendo inveja a muito meia-atacante.
Recorde para Fred, cujos melhores desempenhos (quatro gols) tinham sido em 2017/18, ainda no Shakhtar, e em 2021/22, já no Man United.
O cenário atual mostra que Fred tem capacidade para se dar bem no ataque –desde que não seja em jogo decisivo de Copa do Mundo pela seleção brasileira.
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