Como parte de um acordo com Israel, o grupo terrorista Hamas anunciou nesta quarta-feira (22) que libertará pelo menos 50 dos cerca de 240 reféns que foram levados para a Faixa de Gaza nos ataques de 7 de outubro, no sul do país.
O processo está sendo planejado por etapas em troca de uma trégua de quatro dias nos combates e a soltura de prisioneiros palestinos.
Segundo os Estados Unidos, três americanos, incluindo Abigail Mor Idan, de 3 anos, estarão entre os primeiros libertados. A soltura de “um ou dois” reféns franceses também está prevista, de acordo com o deputado do país europeu Meyer Habib.
Até agora, apenas quatro reféns foram devolvidos pelo Hamas. Já as Forças de Israel resgataram uma soldado e encontraram duas sequestradas mortas em Gaza: a soldado Noa Marciano, 19, e a ex-enfermeira Yehudit Weiss, 65.
Com base em entrevistas com familiares e relatos da imprensa de Israel, a AFP confirmou a identidade de 210 dessas vítimas. Dentre os reféns, ao menos 35 são crianças —18 delas tinham 10 anos ou menos no momento do ataque.
Algumas fizeram aniversário em cativeiro, como Emily Hand, uma irlandesa-israelense que completou 9 anos. A menina estava dormindo na casa de uma amiga no kibutz de Beeri quando foi sequestrada, segundo seu pai.
Um dos mais jovens é Kfir Bibas, que tinha apenas nove meses quando foi levado. Ele estava no kibutz Nir Oz, perto da fronteira com Gaza, junto com seu irmão, Ariel, 4, e seus pais, Yarden e Shiri. A mãe aparece em um vídeo do dia do ataque com os filhos nos braços e cercada por homens armados.
No mesmo kibutz foram sequestradas a esposa de Yoni Asher, Doron, suas filhas Raz, 4, e Aviv, 2, e sua sogra, Efrat. Ele deixou o emprego como corretor imobiliário para dedicar todo o tempo disponível para tentar trazer sua família de volta para casa.
Pelo menos 68 dos sequestrados são mulheres, e ao menos oito têm mais de 80 anos. Yaffa Adar faz parte dos dois grupos —ela tinha 85 anos quando foi filmada sendo levada no que parecia ser um carrinho de golfe de Nir Oz.
Dos quase 400 habitantes dessa comunidade agrícola, 71 foram raptados, incluindo nove pessoas de uma mesma família.
Sharon Aloni Cunio, 34, seu marido, David, 33, e suas filhas gêmeas, Emma e Yuly, 3, foram levados no dia 7 de outubro. Ainda estão na lista Ariel, irmão de David, Arbel Yahod, parceiro de Ariel, e seu irmão, Dolev; Danielle, irmã de Sharon; e Amelia, filha de cinco anos de Danielle.
Além de Israel, 26 países têm cidadãos entre os reféns, segundo dados do Ministério das Relações Exteriores israelense, e muitos têm dupla nacionalidade. São 26 tailandeses, 21 argentinos, 18 alemães, 10 americanos, 7 franceses e 7 russos, de acordo com dados fornecidos pelos respectivos governos.
O Hamas divulgou dois vídeos como prova de vida dos reféns —um de Danielle com mais duas mulheres, Yelena Trupanov e Rimon Kirsht, e outro em que a franco-israelense Mia Shem, 21, é vista implorando por ajuda. O Jihad Islâmico, outro movimento armado palestino de Gaza, divulgou no dia 9 de novembro um vídeo no qual dizia mostrar outros dois reféns: Hannah Katzir, 70, e Yagil Yaakov, 13.
Entre 15 e 30 pessoas, a maioria estrangeiras, continuam desaparecidas, segundo a imprensa israelense. Acredita-se que elas tenham sido sequestradas ou assassinadas no dia 7 de outubro, mas ainda não foram identificadas.