Você já imaginou como eram os Alpes europeus durante a era do gelo? A última delas ocorreu há cerca de 115 mil anos, o que torna muito difícil para os cientistas conseguir reproduzir com precisão as características deste período. Porém um estudo recente pode mudar isso.
Com uma precisão impressionante, um programa desenvolvido por cientistas foi capaz de simular o nível de gelo dos Alpes há 120 mil anos, uma cadeia de montanha que cobre parte do território da Suíça, França, Itália, Áustria, Alemanha e Eslovênia.
E não foi só isso. O modelo também conseguiu prever como estarão as geleiras das montanhas até o ano de 2100, baseado na previsão de aumento de temperatura do planeta para o século. O estudo foi publicado no Journal of Glaciology.
Como funciona o modelo?
Fruto da colaboração de climatologistas e glaciologistas, o programa se baseia em um modelo numérico complexo desenvolvido na Universidade de Berna, na Suíça. Esse modelo é único por utilizar informações climáticas do passado para simular as condições de determinada época.
A partir disso, glaciologistas das universidades de Zurique e Lausanne usaram essas informações para mapear um modelo de fluxo de gelo, o que permitiu a eles prever o movimento das geleiras nos Alpes com a maior fidelidade já vista.
Geleiras nos Alpes estão cada vez menores, e muitas podem sumir até o ano de 2100.Fonte: Getty Images
Marcas nas rochas e acúmulos de destroços foram importantes para que esse fluxo fosse rastreado, como contou o principal autor da publicação, Guillaume Jouvet. “Usamos esses traços para validar nossa simulação e tudo correspondeu. Devido à complexidade da modelagem, levamos 6 anos para configurar corretamente nossos modelos climáticos e glaciológicos”, afirmou.
Impacto das mudanças climáticas
A diferença do nível de gelo nos Alpes, especialmente quando comparado com o que existia há 20 mil anos, é assustadora. As poucas geleiras que restam são muito pequenas quando comparadas com o período anterior, e podem estar com seus dias contados.
O fim dessas geleiras, assim como daquelas que estão no nível do mar, pode causar mudanças drásticas nos biomas, o que costuma acarretar em problemas para a vida no planeta.
Isso acende o alerta para os efeitos do aquecimento global e do aumento de temperatura no planeta, que deve ficar entre 2 e 7ºC no próximo século.
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