O Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas considera inquietantes os relatos sobre a descoberta de valas comuns com dezenas de corpos em Gaza.
O alto comissário de direitos humanos da ONU, Volker Turk, expressou “horror face à destruição dos hospitais Nasser e Al-Shifa e à alegada descoberta de valas comuns”.
238 cadáveres achados no Hospital
Ele alertou que “o assassinato intencional de civis, detidos e outras pessoas que estão fora de combate é um crime de guerra”. Turk lançou um apelo por investigações independentes sobre as mortes.
Uma nota emitida nesta terça-feira, em Genebra, cita vítimas palestinas “despidas e com as mãos amarradas”, levantando novas preocupações sobre possíveis crimes de guerra que teriam sido cometidos na sequência dos ataques aéreos israelenses.
O escritório descreve centenas de corpos “enterrados profundamente no solo e cobertos de resíduos” durante o final de semana no Hospital Nasser em Khan Younis, no centro, e no Hospital Al-Shifa na cidade de Gaza, no norte. Foram recuperados 283 cadáveres no Hospital Nasser, dos quais 42 identificados.
Incursão militar
De acordo com a porta-voz do escritório, Ravina Shamdasani, os corpos das vítimas incluem idosos, mulheres e vários feridos, enquanto outros foram encontrados amarrados com as mãos atadas e despidos.
A representante mencionou relatos de autoridades de saúde em Gaza, dando conta de cadáveres achados no Hospital Al-Shifa. O complexo hospitalar era a principal instalação terciária de saúde antes do início da guerra na área, em 7 de outubro.
No início deste mês, terminou uma incursão militar israelense alegadamente realizada para conter a operação de membros do Hamas dentro do hospital. Duas semanas após os intensos confrontos, funcionários humanitários compararam as instalações Hospital Al-Shifa a “uma concha vazia”, com a maior parte do equipamento reduzido a cinzas.
Destruição dos hospitais Nasser e Al-Shifa
Pelas notas do escritório, pelo menos 30 corpos de palestinos foram enterrados em duas covas no pátio do local, uma diante do prédio de emergência e as outras em frente ao edifício de diálise”.
Shamdasani destacou haver corpos de 12 palestinos que foram agora identificados nestes locais em Al-Shifa, mas a identificação ainda não foi possível para os restantes.
O escritório destaca relatos afirmando que alguns corpos tinham as mãos amarradas. Shamdasani acrescentou que poderia haver “muito mais” vítimas, “apesar da alegação das Forças de Defesa de Israel de terem matado 200 palestinos durante operação do complexo médico al-Shifa”.