Cerca de US$ 2,2 milhões serão necessários para o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, apoiar habitantes da região amazônica vivendo uma das piores secas e crises hídricas de sua história.
Dados preliminares apontam que a crise afeta 745 mil pessoas no Brasil e outras 883.510 no Peru. Milhões de pessoas, a maioria indígenas, sofrem efeitos da baixa das águas de muitos rios da bacia amazônica para o menor nível já registrado.
Milhares de comunidades isoladas
Os rios na Amazônia são essenciais para transportar mercadorias, alimentos, combustível e medicamentos. Com uma eventual continuação da crise, receia-se que milhares de moradores das comunidades sejam isolados em rios secundários.
O Unicef atua com o Governo do Estado do Amazonas e ONGs locais para dar assistência com equipamentos de água, limpeza e saneamento, além de artigos nutricionais. Os recursos devem ser usados para cobrir os custos logísticos.
A agência da ONU ressalta ainda que a seca e os baixos níveis de água dos rios estão impactando severamente a vida das populações locais, que dependem desses recursos para sua sobrevivência e suas atividades diárias.
Os efeitos da crise incluem obstáculos de navegação fluvial e o transporte de suprimentos básicos para comunidades remotas, bem como a agricultura, a pesca, o abastecimento de água e combustível e ainda ao acesso a serviços básicos como saúde e educação.
Risco de separação familiar, violência ou exploração
A propagação de incêndios florestais, também intensificada pela seca, provoca problemas de saúde como a inalação de fumaça e reduz o acesso à educação e aos serviços de saúde. Outras ameaças são o risco de separação familiar, violência ou exploração para crianças e adolescentes.
Com o Brasil passando pela seca mais intensa de sua história, os estados do Amazonas e Acre declararam crise ambiental em todos os 85 municípios em emergência.
Entre as 745 mil pessoas afetadas estão 269 mil crianças e adolescentes, apenas no estado do Amazonas.
Na semana passada, o nível da água do Rio Negro em Manaus, atingiu seu menor nível desde que foi monitorado pela primeira vez em 1902. Desta forma foi quebrado o recorde estabelecido em 2023.
O Unicef opera no reforço da resposta à seca e em novas avaliações rápidas de necessidades em áreas adicionais de intervenção nas regiões do sul dos Estados do Amazonas e Acre, com foco nas comunidades indígenas.
Comunidades ribeirinhas isoladas
Estima-se que 330 mil pessoas, metade crianças e adolescentes, vivem em 2,2 mil aldeias indígenas e comunidades ribeirinhas isoladas ou em risco de isolamento. Nessa realidade elas sofrem impactos severos em campos como saúde, nutrição, acesso à água, proteção e educação.
A seca extrema afeta diretamente 42 territórios indígenas, abrangendo 15 grupos nativos. O total representa 53% dos territórios indígenas da Amazônia Brasileira. Mais de 100 escolas e 40 centros de saúde nessas áreas não operam.
A operações prioritárias do Unicef em regiões da Amazônia afetadas por secas e incêndios florestais também acontecem no Peru. Os efeitos dos incêndios arrasam 22 das 26 regiões peruanas.
As autoridades locais estimam que mais de 880 mil pessoas estejam em risco devido à seca severa. Até 440 mil pessoas vivem em áreas do Peru afetadas por incêndios florestais.