A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, anunciou uma missão internacional de emergência para avaliar os danos causados aos bens culturais e arquivos do Rio Grande do Sul pelas recentes enchentes que atingiram o estado brasileiro.
Desde o final de abril, o Rio Grande do Sul enfrenta inundações sem precedentes e condições climáticas extremas que afetam 478 municípios. A enchente cobriu quase completamente algumas dessas cidades.
50 museus afetados
No início de julho, mais de 2,3 milhões de pessoas foram afetadas no estado, com 182 fatalidades e mais de 735 mil pessoas desabrigadas.
O setor cultural também foi significativamente impactado. De acordo com as autoridades do governo estadual, a enchente afetou 50 museus, causando danos que vão desde destruição completa até infiltração de água, danos ao telhado ou transbordamento de calhas. Os danos ao equipamento e às coleções foram graves e ainda não foram totalmente quantificados.
Patrocinado pelo Fundo Emergencial do Patrimônio da Unesco, o lançamento da missão contou com a presença da diretora e representante da Unesco no Brasil, Marlova Noleto.
Estavam presentes também a secretária de Estado da Cultura, Beatriz Araújo, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o superintendente do Iphan no Rio Grande do Sul, Rafael Passos.
Objetivos da missão
Os especialistas nacionais e internacionais enviados pela Unesco ao Rio Grande do Sul conduzirão uma avaliação detalhada do patrimônio cultural afetado. Eles indicarão ações para resgatar e recuperar arquivos, itens e coleções de patrimônio local.
A missão técnica incluirá os especialistas internacionais Andrea Richards, historiadora e arqueóloga de Barbados, e Samuel Franco, um socorrista cultural da Guatemala. Esses especialistas permanecerão no estado até 19 de julho de 2024.
A missão promoverá a troca de ideias e o compartilhamento de experiências entre a comunidade local e especialistas internacionais que responderam a várias emergências culturais em todo o mundo.
Segundo Marlova Noleto, a aprovação do Fundo Emergencial de Patrimônio do Rio Grande do Sul representa um passo significativo na preservação do rico patrimônio cultural deste estado brasileiro, que tem sido severamente afetado por enchentes e desastres naturais.
“Tesouros culturais”
De acordo com a especialista, este fundo permitirá que a Unesco e seus parceiros “trabalhem em estreita colaboração com as comunidades locais para proteger e recuperar tesouros culturais que são fundamentais para a identidade e a história desta região”.
A diretora nacional da Unesco afirmou que a agência está comprometida em fornecer “assistência rápida e eficaz para garantir que o patrimônio do Rio Grande do Sul seja preservado para as gerações futuras”.
Em resposta à emergência, o Ministério da Cultura estabeleceu uma Rede de Mapeamento e Recuperação do Patrimônio Material, Museus, Acervos Arqueológicos e Arquivos do Rio Grande do Sul, combinando esforços de autoridades governamentais em níveis nacional, estadual e municipal, sociedade civil e organizações internacionais.
Esta rede multissetorial de emergência inclui o Ministério, o Instituto Brasileiro de Museus, Ibram, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Iphan, o Arquivo Nacional, universidades públicas do estado, o Governo do Rio Grande do Sul, o Icomos Brasil e a Unesco.