A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, lançou seu primeiro relatório sobre ética da engenharia climática. O estudo avalia riscos e oportunidades de novas tecnologias de manipulação e modificação do clima, fornecendo recomendações concretas para pesquisa e governança.
Enquanto a crise climática persiste e a humanidade não alcança as metas de redução de emissões de CO2, a engenharia climática, também conhecida como geoengenharia, atrai maior interesse.
Ecossistema global
O relatório reflete sobre a vasta promessa e os riscos dessas intervenções em grande escala nos ecossistemas do planeta, elaborado pela Comissão Mundial de Ética do Conhecimento Científico e Tecnológico da Unesco.
O documento discute as tecnologias de engenharia climática, divididas em duas categorias principais: a remoção de dióxido de carbono, como a extração do carbono da atmosfera por meio de infraestruturas de captura ou crescimento de árvores para absorver CO2; e a modificação da radiação solar, como o envio de luz solar de volta ao espaço através da injeção de aerossóis na estratosfera ou a pintura de superfícies com cores claras.
Avaliando os riscos, o relatório destaca possíveis impactos negativos nas políticas climáticas existentes, redução de financiamento para redução de CO2 e adaptação ao desregulamento climático. O documento alerta também sobre o custo elevado e os possíveis usos militares ou geopolíticos, exigindo maior governança global.
Impacto de inovações no clima
Além disso, ressalta a falta de conhecimento sobre o impacto dessas tecnologias no clima, podendo gerar consequências consideráveis para seres humanos, oceanos, temperaturas e biodiversidade.
Como resultado, sugere maior pesquisa e redução das incertezas quanto às ações climáticas.
As recomendações incluem a obrigatoriedade legal de proteção pelos Estados, pesquisas apoiadas em padrões éticos claros e de acordo com o direito internacional, consideração dos impactos transfronteiriços das decisões sobre engenharia climática, colaboração entre países, inclusão das comunidades marginalizadas nos processos e mais.
A Unesco apresentará o relatório aos seus 194 Estados-membros para consideração durante a Cúpula do Clima, COP28, visando à implementação ética da engenharia climática em meio à urgência climática.