Na última semana, a região de Kharkiv, no leste da Ucrânia, sofreu com novos bombardeios. O porta-voz do Escritório da ONU para Assuntos Humanitários, Ocha, esteve no vilarejo de Hroza, onde 52 pessoas foram mortas e muitas ficaram feridas com o ataque.
Saviano Abreu relata que a aldeia que abriga cerca de 300 pessoas foi “dominada pela tristeza e dor”. Ele afirma que nada justifica a violência, que “é uma possível violação grave do direito humanitário internacional”.
Atuação humanitária
A ONU está atuando em diversas regiões afetadas pelo conflito no país. Em Hroza, as famílias receberam apoio para reconstruírem suas casas. Os sobreviventes também estão recebendo ajuda médica e psicológica.
Com o apoio do governo da Finlândia, os moradores de Irpin, outra cidade afetada pelos bombardeios, receberam novas casas. Os apartamentos abrigam 140 residentes de forma gratuita.
Outros complexos como este já estão operacionais em Irpin e unidades adicionais estão em construção.
Segundo o Ocha, embora mais caras do que outras opções de abrigo, a resposta proporciona estabilidade para pessoas deslocadas, se tornando uma alternativa popular entre as autoridades locais. No entanto, é necessário financiamento dos governos doadores para apoiar os custos crescentes.
Dano bilionário ao setor habitacional da Ucrânia
De acordo com a Avaliação Rápida de Danos e Necessidades do Banco Mundial, o setor habitacional da Ucrânia sofreu danos superiores a US$50 bilhões entre fevereiro de 2022 e fevereiro de 2023 devido à guerra, afetando mais de 1,4 milhão de unidades residenciais.
Quase 90% das propriedades impactadas eram edifícios residenciais de vários andares, afetando cerca de 3,5 milhões de pessoas.
Segundo dados reportados por parceiros humanitários, agências da ONU e ONGs, pelo menos 1,7 milhão de pessoas já foram alcançadas com abrigo e itens não alimentares neste ano.
Violência e ataque contra trabalhadores humanitários
A secretária-geral assistente do Ocha, Joyce Msuya, destacou os esforços de ajuda para apoiar as pessoas em meio a “ataques atrozes”. Ela adiciona que, além dos civis, estão aumentando os ataques contra humanitários.
A alta funcionária da ONU pediu ajuda à comunidade internacional para garantir acesso aos trabalhadores humanitários na Ucrânia, incluindo as áreas sob controle militar da Rússia, onde vivem cerca de 4 milhões de pessoas.
Até 8 de outubro, o Escritório da ONU para os Direitos Humanos tinha verificado mais de 9,8 mil mortes de civis, incluindo 560 crianças, e 17 mil feridos devido à guerra.
Segundo a subsecretária-geral para Assuntos Políticos, Rosemary DiCarlo, os números reais são provavelmente muito mais elevados e devem aumentar com a continuidade da violência.
Ataques Indiscriminados
Nas últimas semanas, civis e infraestruturas civis, incluindo instalações de armazenamento de grãos, em toda a Ucrânia têm sofrido ataques quase constantes.
A ONU alerta que, somados à saída da Rússia da Iniciativa do Mar Negro, os meios de subsistência dos agricultores ucranianos e de todo o mundo estão em risco, e a consequência pode ser o agravamento global da fome.
Além dos ataques, o Escritório de Direitos Humanos da ONU alertou sobre descobertas de uma série de violações em todo o país, a maioria atribuída às forças armadas russas.
Violações dos direitos humanos
Há relatos de violência sexual relacionada ao conflito supostamente cometida pelas forças armadas russas e membros do serviço penitenciário, bem como detenções arbitrárias de civis em território ocupado pela Rússia.
O Escritório também documentou casos de detenção arbitrária pelas forças ucranianas, principalmente de autoridades de aplicação da lei.
A ONU manifestou ainda preocupação com a recente legislação na Rússia que poderia conceder anistia por uma ampla gama de crimes, potencialmente incluindo graves violações das leis internacionais de direitos humanos e humanitárias.
Os representantes da ONU ressaltam a obrigação da Rússia perante o direito internacional de investigar e processar possíveis crimes de guerra e graves violações dos direitos humanos cometidos por suas forças na Ucrânia.