A Turquia bloqueou nesta sexta-feira (2) o acesso ao Instagram, pouco tempo depois de um alto funcionário do governo acusar a rede social de censura, anunciou a BTK (autoridade de telecomunicações).
Usuários turcos indicaram na plataforma X que não conseguiam atualizar as informações do Instagram, um bloqueio que também foi apontado por jornalistas da AFP.
Na quarta-feira (31), o diretor de comunicações da Presidência turca, Fahrettin Altun, afirmou que a plataforma “impedia as pessoas de publicar mensagens de condolências para o mártir [Ismail] Haniyeh“, líder político do Hamas, morto em um ataque no Irã atribuído a Israel.
“É uma tentativa de censura muito clara e evidente”, escreveu Altun no X.
No entanto, a BTK negou ter agido por causas relacionadas à morte do dirigente palestino. Um funcionário do órgão disse ao site especializado Medyascope, sob anonimato, que a razão teria sido insultos contra o ex-presidente Mustafa Kemal Atatürk (1881-1938), considerado o pai da Turquia moderna, e “uma série de crimes”, incluindo questões de drogas, jogos e violência sexual contra menores.
De acordo com este funcionário, o governo solicitou ao Instagram que retirasse o conteúdo em questão. Como o pedido não teria sido atendido totalmente, houve o bloqueio.
Segundo a imprensa turca, o Instagram tem mais de 50 milhões de usuários no país, cuja população é de 85 milhões de pessoas.
Muitos internautas que preferem o X recorreram ao humor para zombar da decisão. “X quando os turcos acordarem e descobrirem que o Instagram está bloqueado”, publicou um usuário junto com fotos de vagões e corredores do metrô lotados.
As autoridades turcas já recorreram várias vezes ao bloqueio temporário de algumas redes sociais como o Facebook ou o X, normalmente após sofrerem ataques.
De abril de 2017 a janeiro de 2020, as autoridades também bloquearam a Wikipedia por dois artigos que estabeleciam vínculos entre Ancara e organizações extremistas.
Em julho de 2020, a Turquia aprovou uma lei de regulação das mídias sociais que reforçou o controle das autoridades sobre as plataformas. Para defensores da liberdade de expressão, à época, a nova regra faria aumentar a censura no país e poderia contribuir para calar dissidentes e a oposição.