Muito tem se falado sobre os túneis que terroristas do Hamas e da Jihad Islâmica usam dentro da Faixa de Gaza para se locomover e atacar Israel, mas uma rota subterrânea específica foi muito mais estratégica para os extremistas se prepararem para a guerra atual.
Antes de construir túneis dentro de Gaza e em direção a Israel, o Hamas investiu na escavação de passagens para o Egito, na fronteira sul do território palestino.
No fim de outubro, as FDI (Forças de Defesa de Israel) confirmaram que os terroristas contrabandearam armas e munições, financiadas pelo Irã, por túneis sob a fronteira egípcia com o território palestino para os ataques de 7 de outubro.
O portal de notícias israelense Walla afirma que, até 2013, o Hamas conseguiu construir “centenas de túneis com infraestrutura de transferência rápida, utilizando carrinhos deslizantes sobre trilhos e sistemas elétricos” em direção ao país vizinho.
Essa rede servia para a fuga de famílias palestinas, mediante o pagamento de taxas, e também para a entrada de pessoas, equipamentos e mercadorias.
A região que separa as duas cidades de Rafah, a egípcia e a palestina, é chamada de Faixa de Filadélfia. O Egito iniciou uma campanha para acabar com essas ligações, em 2013.
Somente em 2018, o governo afirmou ter inundado com água do mar ou esgoto 37 túneis, além de destruir centenas de casas que serviam de porta de entrada e saída.
Em 2021, o Hamas informou que três “trabalhadores” morreram no desabamento de um túnel no sul da Faixa de Gaza, após gás ter sido introduzido a partir do lado egípcio.
Cadeia de fornecimento
As ações, todavia, não impediram o Hamas de continuar a empreitada subterrânea, com novas passagens, mais precárias (sem escoramento), mas ainda assim funcionais.
Segundo a agência de notícias Reuters, uma fonte de segurança na região garantiu que as galerias do Egito para Gaza continuavam ativas recentemente, com a anuência de autoridades.
“A cadeia de fornecimento ainda está intacta nos dias de hoje. A rede envolvida na facilitação da coordenação inclui alguns oficiais militares egípcios. Não está claro se o Exército egípcio tem conhecimento disso”, disse, sob anonimato.
Outras pessoas ouvidas pela Reuters confirmaram que rotas de contrabando “mais estreitas e profundas” ainda estavam em operação, mas que o tráfego diminuiu “quase completamente após o início da guerra”.
Para a diretora sênior do Programa Israel e Rede de Segurança Nacional da FDD (Fundação para a Defesa das Democracias), Enia Krivine, é preciso uma cooperação entre o Egito e Israel para garantir que o Hamas não volte a utilizar esses caminhos no futuro.
“Israel deixou claro que um dos principais objetivos da guerra é desmilitarizar Gaza. Se o Egito quiser ver o fim da guerra, deve neutralizar os túneis, que forneceram uma artéria crítica para o abastecimento de armas a organizações terroristas apoiadas pelo Irã em Gaza. O Cairo também deve garantir que os líderes do Hamas não usem esses túneis como uma saída, para evitar as consequências de suas atrocidades.”