A campanha do ex-presidente Donald Trump solicitou à Casa Branca e ao Serviço Secreto uma série de medidas adicionais de segurança, incluindo recursos militares, devido a constantes ameaças contra o candidato republicano, de acordo com pessoas ouvidas pelo New York Times.
Os pedidos foram feitos em meio a falas de alguns assessores de Trump que dizem se sentir limitados em sua capacidade de fazer a campanha da maneira que gostariam devido às ameaças de segurança, incluindo limitações à capacidade de Trump de viajar para onde deseja e aparecer em comícios ao ar livre.
Em conversas nas últimas duas semanas com o chefe de gabinete da Casa Branca, Jeff Zients, e o diretor interino do Serviço Secreto, Ronald L. Rowe Jr., a principal assessora de Trump, Susie Wiles, disse que o ex-presidente foi forçado a mudar o local, reagendar ou cancelar eventos importantes devido a limitações nos recursos disponíveis do Serviço Secreto, segundo as pessoas ouvidas.
Os pedidos da campanha por mais segurança incluíam recursos militares sofisticados e confidenciais que são usados apenas para presidentes em exercício: a colocação prévia de vidro à prova de balas nos locais dos principais estados onde ele faria campanha com mais frequência e uma expansão das restrições temporárias de voo sobre as residências e locais de campanha de Trump.
A equipe de Trump, na prática, está buscando que ele seja protegido no mesmo nível que o presidente Joe Biden. A equipe de Trump foi informada de que ele está recebendo o mais alto nível de proteção disponível, embora nenhum candidato ou ex-presidente tenha à sua disposição o que um presidente em exercício tem.
Trump foi alvo de duas tentativas de assassinato nos últimos quatro meses, além de um suposto complô de assassinato por encomenda envolvendo uma pessoa envolvida com o Irã. A campanha foi informada pelos serviços de inteligência dos EUA que Teerã tem interesse em atingir Trump.
Wiles citou vários episódios em que a habilidade da sua equipe de conduzir a campanha foi prejudicada, disse uma pessoa familiarizada com o assunto.
Por exemplo, um evento em Wisconsin onde a campanha encontrou uma escassez de agentes do Serviço Secreto porque estavam ocupados lidando com a Assembleia Geral da ONU em Nova York.
Ou um outro evento em Wisconsin que não pôde ser realizado no local original porque o vidro à prova de balas que agora está sendo usado para proteger Trump era muito pesado para ser colocado com segurança dentro da estrutura, um problema que forçou o ex-presidente a transferir seu evento para um local menor e transformá-lo em uma coletiva de imprensa em vez de um comício público.
Outra pessoa informada sobre o planejamento disse que, naquele fim de semana, outras pessoas que o Serviço Secreto protege também tiveram que restringir seus eventos, acrescentando que o pedido não era específico para Trump e que não é incomum que eventos sejam modificados nesta fase da corrida eleitoral.
Nas conversas e mensagens com funcionários da Casa Branca, Wiles observou que mais recursos de segurança seriam necessários se o ex-presidente quisesse terminar a temporada de campanha da maneira que desejava.
Rowe disse à campanha que consideraria seus pedidos, disse um funcionário do Serviço Secreto que falou sob condição de anonimato para discutir conversas privadas. A agência está trabalhando com a Casa Branca e o Departamento de Defesa para reavaliar as solicitações, acrescentou o funcionário.
Questionado sobre as ligações para a Casa Branca, o diretor de comunicações do governo, Ben LaBolt, disse: “O presidente Biden instruiu o Serviço Secreto a fornecer o mais alto nível de proteção para o ex-presidente Trump.”
As restrições de recursos do Serviço Secreto têm sido um problema cada vez maior à medida que a agência lida com um êxodo de agentes nos últimos anos. Os agentes estão exaustos por conta da alta carga horária e horas extras inesperadas, que às vezes não são pagas. A agência também tem estado sob pressão por suas falhas no tiroteio que atingiu Trump de raspão em julho em um comício em Butler, na Pensilvânia.
Dado o número escasso de agentes e especialistas treinados, além de outros equipamentos, dizer não a candidatos que solicitam recursos adicionais não é incomum durante períodos movimentados como a reta final de uma campanha presidencial.
Em uma declaração ao New York Times, o Serviço Secreto disse que “desde a tentativa de assassinato contra o ex-presidente Donald Trump em 13 de julho, o Serviço Secreto dos EUA fez melhorias abrangentes em nossas capacidades de comunicação, recursos e operações de proteção. Hoje, o ex-presidente está recebendo os mais altos níveis de proteção.”