Trump mira homens jovens e brancos para superar Kamala – 01/09/2024 – Mundo – EERBONUS
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Trump mira homens jovens e brancos para superar Kamala – 01/09/2024 – Mundo

Em um sábado escaldante nos subúrbios de Las Vegas, dentro de um cassino a quilômetros da Strip, estrada onde estão hotéis mais famosos da cidade, cerca de 100 pessoas se juntaram para ver os Nelk Boys. A maioria dos fãs era formada por homens jovens, na casa dos 20 anos, e estava lá para conhecer sua equipe favorita de youtubers e podcasters. Duas jovens, de shorts curtos e regatas justas, distribuíam produtos da marca.

Horas depois, os Nelk Boys estavam dentro de uma Arena lotada para um evento de UFC (Ultimate Fighting Championship) no coração da cidade, enquanto Dana White, o CEO da marca, dava as boas-vindas ao público. Donald Trump estava sentado ao lado do octógono.

Cerca de duas semanas depois, White apresentou o ex-presidente Donald Trump na Convenção Nacional Republicana, onde o senador de Ohio J.D. Vance foi anunciado como companheiro de chapa do empresário. Os Nelk Boys também apareceram lá. Em seguida, entrevistaram Vance no podcast deles.

Esses repetidos encontros impulsionados por testosterona não são uma coincidência, mas uma estratégia de campanha.

Em um momento de enorme disparidade de gênero na política entre os jovens —mulheres inclinadas à esquerda, homens inclinados à direita—, a campanha de Trump tem cortejado agressivamente o que poderia ser chamado de voto masculino, de jovens universitários que sustentam atributos típicos da masculinidade. É uma fatia de jovens de 18 a 29 anos que há muito tempo é considerada pouco confiável e inatingível, mas que os republicanos acreditam que pode decidir a eleição este ano.

Para encontrá-los, Trump e seus aliados têm explorado profundamente no universo, o chamado “manoverso” —um conjunto de estrelas das redes sociais com audiências predominantemente masculinas, como os Nelk Boys, Dana White e o UFC, Dave Portnoy e sua rede de mídia Barstool Sports, YouTubers como Jake e Logan Paul, podcasters como Theo Von e streamers como Adin Ross.

Essas figuras se tornaram Sean Hannity, Tucker Carlson e Rush Limbaugh (todos apresentadores americanos conservadores) de uma geração, mas sem o óbvio manto político. Eles são apenas caras se divertindo, falando sobre esportes, apostas, festas e, mais do que nunca, política presidencial.

Os Nelk Boys jogaram golfe com Trump, estiveram no avião presidencial Air Force One e visitaram Mar-a-Lago, resort de luxo de Trump, além de receber o ex-presidente em seu podcast duas vezes. Às vezes, são mencionados por ele em seus discursos de campanha, uma referência que provavelmente passa despercebida para os participantes mais velhos, mas não para os jovens na plateia.

Talvez você não tenha ouvido o podcast ou visto o canal deles YouTube. Talvez você nunca tenha ouvido falar dos Nelk Boys, dos irmãos Paul ou de Portnoy. Mas milhões de outros já ouviram falar. A maioria deles são homens jovens que podem votar e, se o fizerem, podem ter uma influência significativa sobre quem vence.

O voto de homens jovens

Na cidade universitária de Bozeman, Montana, milhares de pessoas com camisetas e bonés de Trump se amontoaram para entrar em um comício do ex-presidente em 9 de agosto. Muitos deles eram homens jovens. E a maioria sorriu ao reconhecer os Nelk Boys.

Entre eles estavam Louis Wagner-Lang e Van Ricker, ambos com 21 anos e estudantes do último ano da Montana State University, e o irmão de Ricker, Charlie Ricker, 23. “Os Nelk Boys e a política andam de mãos dadas”, disse Van Ricker. “As redes sociais explodiram ao mesmo tempo em que a política está explodindo.”

Eles mencionaram o Tesla Cybertruck que Ross, uma celebridade da internet com milhões de seguidores, havia dado a Trump durante uma transmissão ao vivo alguns dias antes. Eles disseram que acompanhavam os acontecimentos políticos através dos Nelk Boys e outros como eles.

“Um pouco como os mais velhos fazem com as notícias”, disse Charlie Ricker. Eles apreciam o formato informal dos podcasts, disseram, sem o verniz polido de especialistas. “Eles são diretos”, disse Wagner-Lang. “Eles dizem algo e você pensa: ‘Isso faz muito sentido’.”

Os três jovens detalharam suas preocupações com o país: custos de moradia, preços no supermercado, a fronteira com o México. Eles disseram que Trump alimentava a sensação de que os homens, especialmente homens brancos como eles, haviam sido retratados como vilões, quando na verdade tudo o que queriam era poder prover suas futuras famílias.

Política da masculinidade

A cada quatro anos, campanhas e analistas políticos dividem o eleitorado em pequenos subgrupos que, acreditam, podem influenciar o voto. Mães do subúrbio de Michigan. Aposentados no Arizona. Latinos em Nevada. Eleitores negros na Geórgia.

Mas a disparidade de gênero é uma megatendência que abrange estados decisivos e grupos raciais. E é mais proeminente entre os jovens eleitores. Em uma série de pesquisas do New York Times/Siena College em seis estados decisivos em agosto, os jovens homens favoreciam Trump em 13 pontos, enquanto as jovens mulheres favoreciam Harris em 38 pontos, uma diferença de 51 pontos.

John Della Volpe, diretor de pesquisas do Instituto de Política da Universidade Harvard, encontrou uma divisão semelhante em suas pesquisas.

“Os jovens homens me dizem que estão pensando no que significa ser masculino, no que significa ser adulto”, disse Della Volpe. “Muitos deles viam Trump como alguém que poderia ser sua versão de masculinidade.”

Esses potenciais eleitores, alguns votando pela primeira vez, seguem Trump mais por sua personalidade do que por suas políticas, disse ele. Esses jovens o veem falando contra o politicamente correto e absorvendo ondas de ataques, desde críticas elevadas até casos judiciais e uma tentativa de assassinato.

A questão é se Trump pode atrair os jovens homens para as urnas. Há motivos para ceticismo: pesquisas do New York Times/Siena College mostram que cerca de um terço dos homens jovens que dizem planejar votar em Trump não votaram em 2020. Eles também relatam que são menos propensos a votar do que os eleitores mais velhos.

Dos que comparecem para votar, Della Volpe observou que os mais jovens e eleitores de primeira viagem parecem mais propensos a votar em Trump. “O eleitor de primeira viagem estava no ensino médio quando Trump surgiu em cena em 2015, 2016”, disse Della Volpe. “Eles o veem mais como um anti-herói do que como um vilão.”

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