O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump fez um discurso no sábado (16) no qual chamou imigrantes de “animais”, afirmou que o país será palco de um “banho de sangue” caso ele não ganhe as eleições de novembro e disse uma frase sem sentido que virou munição para seu adversário, o presidente Joe Biden.
A fala, feita ao ar livre a milhares de apoiadores em Ohio em meio a fortes ventos, foi interrompida em alguns momentos pela aparente queda de energia dos teleprompters. O evento aconteceu em apoio à candidatura de Bernie Moreno ao Senado nas primárias republicanas que acontecem na terça-feira (19) no estado, mas serviu também para animar as bases trumpistas.
O ex-presidente abriu seu discurso elogiando os condenados pela invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021, quando apoiadores do republicano tentaram impedir a certificação da vitória de Biden. Após chamá-los de “reféns” e “patriotas”, Trump prometeu ajudá-los caso seja eleito na votação deste ano.
A alternativa é vista de forma apocalíptica pelo favorito do Partido Republicano para concorrer em novembro —”não creio que teremos outra eleição, ou certamente não teremos uma eleição que seja significativa”, afirmou Trump sobre um eventual cenário de derrota.
“Se eu não for eleito, será um banho de sangue para todos, isso será o mínimo. Será um banho de sangue para o país”, afirmou, em outro momento, em meio a uma fala a respeito da imposição de tarifas sobre carros importados.
Questionada pela agência de notícias Reuters sobre essa última frase, a campanha de Trump indicou uma postagem no X de um jornalista do New York Times. Na publicação, o profissional apenas dizia que o comentário aconteceu em meio a uma discussão sobre a indústria automobilística dos EUA e a economia.
Já o porta-voz da campanha de Biden, James Singer, condenou o “extremismo” de Trump. “Ele quer outro 6 de Janeiro, mas o povo americano vai lhe dar outra derrota eleitoral neste novembro, porque continua rejeitando seu extremismo, seu gosto pela violência e a sua sede de vingança”, afirmou.
A democrata Nancy Pelosi, ex-presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, também criticou o discurso durante uma entrevista à emissora americana CNN. “Você não o deixaria entrar nem na sua casa, imagina na Casa Branca”, disse ela. “Temos que vencer esta eleição, porque ele está até prevendo um banho de sangue. O que isso significa? Ele que vai provocar um banho de sangue? Há algo de errado nisso.”
Durante o discurso, o empresário repetiu as acusações falsas, desmentidas por inúmeras provas, de que houve fraude eleitoral nas eleições de 2020. Também sem evidências, afirmou que alguns países estão esvaziando suas prisões e enviando os detidos para os EUA. “Não sei se devemos chamá-los de ‘pessoas’, em alguns casos”, disse ele. “Eles não são pessoas, na minha opinião”, continuou, antes de classificá-los de “animais”.
Trump tentou reverter o discurso agressivo contra esse grupo a seu favor afirmando, sem apresentar provas, que “ninguém foi mais prejudicado pela invasão de imigrantes de Joe Biden do que as grandes comunidades afro-americanas e hispânicas”. De acordo com pesquisas de opinião, Trump vem reduzindo a vantagem de Biden entre eleitores não brancos, que desempenharão um papel fundamental na votação.
O republicano chamou o atual líder americano de “presidente estúpido” várias vezes, além de “filho da puta”, em dado momento. Além disso, quando teve dificuldades para ler o discurso, falou: “Eu não consigo ler essa porcaria de teleprompter. (…) Essa merda está se mexendo, é como ler uma bandeira em movimento com um vento de 56 quilômetros por hora.”
Biden, porém, conseguiu aproveitar um tropeço de seu rival, que deixou o público sem entender uma referência ao ex-presidente americano Barack Obama. “Você sabe o que é interessante? Joe Biden venceu Barack Hussein Obama. Alguém já ouviu falar dele? Em todos os estados decisivos, Biden venceu Obama, mas em todos os outros estados ele foi morto”, disse Trump.
O atual presidente, frequentemente ridicularizado pelo empresário por suas trocas de palavras e confusões, aproveitou para falar sobre a condição mental de Trump durante um jantar anual com jornalistas e políticos em Washington. “Um candidato é muito velho e mentalmente incapaz para ser presidente. O outro sou eu”, disse ele. “Ele acha que está concorrendo contra Barack Obama.”