O novo Relatório Mundial sobre Crimes contra a Vida Selvagem, lançado nesta segunda-feira, conclui que o tráfico de animais silvestres não sofreu redução significativa nas últimas duas décadas.
O levantamento do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc, menciona sinais positivos para algumas espécies icônicas, como elefantes e rinocerontes, mas pede aplicação mais eficaz da lei e investigações mais rigorosas.
Grupos poderosos do crime organizado
O relatório indica que o crime contra a vida selvagem está interligado com as atividades de grupos poderosos do crime organizado que operam em alguns dos ecossistemas mais frágeis e diversos do mundo, da Amazônia, na América do Sul, ao Triângulo Dourado, na Ásia.
Os dados mais recentes sobre espécies traficadas apreendidas de 2015 a 2021 em 162 países e territórios indicam que o comércio ilegal afeta cerca de 4 mil espécies de plantas e animais. Destas, aproximadamente 3.250 estão listadas na Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção.
As redes criminosas transnacionais envolvem-se em várias fases da cadeia comercial, incluindo exportação, importação, corretagem, armazenamento, criação e venda a clientes.
Danos em diversas áreas
A diretora executiva do Unodc, Ghada Waly, afirmou que o problema exige “intervenções fortes e direcionadas tanto para o lado da demanda quanto para o lado da oferta da cadeia do tráfico, esforços para reduzir os incentivos e lucros criminosos e maior investimento em dados, análise e capacidades de monitoramento”.
Segundo ela, “o crime contra a vida selvagem inflige danos incalculáveis à natureza e põe em risco os meios de subsistência, a saúde pública, a boa governança e a capacidade do nosso planeta de combater as mudanças climáticas”.
O Unodc ressalta que o crime contra a vida selvagem também ameaça os benefícios socioeconômicos que as pessoas obtêm da natureza, incluindo como fonte de renda, emprego, alimentação, remédios, cultura e muito mais.
A agência destaca que a corrupção representa um desafio significativo, minando tanto a regulamentação quanto as ações de fiscalização contra o comércio ilegal de vida selvagem.