O Conselho de Segurança acompanhou esta sexta-feira o informe do representante especial do secretário-geral da ONU para a África Ocidental e o Sahel.
Falando com a ONU News após a sessão, Leonardo Simão enfatizou o combate ao terrorismo e o encaminhamento da ajuda humanitária para os civis na região como temas que precisam de união da comunidade internacional.
Violência múltipla
“Os pontos mais importantes que eu salientei foram primeiro o terrorismo e outras as fontes de violência na região. O terrorismo continua a ser a preocupação dominante. Não permite o funcionamento da economia, não permite a prestação da ajuda humanitária às populações e muito menos a reconciliação nacional dos países afetados. O segundo grande problema derivado também dessa violência múltipla é a situação humanitária das povoações.”
A ONU está envolvida no diálogo com vista a reforçar o combate ao terrorismo e ao crime organizado na região. De acordo com Simão, essas conversas têm em conta a fragilidade dos milhares de civis que sentem o impacto dos confrontos.
“Populações que se têm de deslocar de um lugar para outro por várias vezes ou também deslocar-se para países vizinhos. Esta deslocação para os países vizinhos como refugiados cria também, por vezes, tensões entre países vizinhos. Há terroristas que se infiltram no seio da população que procura refúgio. Isto cria tensões, sobretudo, no país receptor que tem que ver quem é que é refugiado de fato e quem é uma ameaça a sua própria segurança nacional.”
Cabo Verde e Guiné-Bissau
Na liderança do escritório das Nações Unidas na região oriental africana, Simão diz acompanhar de perto a situação política de países de língua portuguesa.
“Em relação a Cabo Verde, o processo político é normal, está a andar e as instituições funcionam normalmente. No caso da Guiné-Bissau, houve a dissolução do Parlamento em dezembro. Agora, em dezembro, o presidente mencionou que até ao fim deste ano haverá novas eleições legislativas, mas isso está em construção entre as forças políticas. O que nós esperamos é que esta concertação, entre o presidente e partidos políticos, crie um consenso sobre o caminho a seguir para a restauração da normalidade constitucional da Guiné-Bissau.”
Outra questão em contínuo debate é a situação de Burquina Fasso, Mali e Níger, países liderados por juntas militares que recentemente chegaram ao poder por meio de golpes de Estado.
O nível de acompanhamento das populações perante estas situações com impacto social é um dos pontos de preocupação da ONU nesses países que se uniram à Aliança dos Estados do Sahel em setembro de 2023.