Tecnologia revolucionária inspirada em Star Wars pode combater a seca – EERBONUS
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Tecnologia revolucionária inspirada em Star Wars pode combater a seca

Pressionado por uma violenta seca que obrigava cada morador da cidade indiana de Kozhikode a viver com dois baldes de água por dia em 2016, o então estudante Swapnil Shrivastav se lembrou de um projeto de ciências que havia elaborado quatro anos antes, sobre soluções para o futuro da água em centros urbanos.

Vencedor do concurso na época, o garoto se inspirou no filme Star Wars (Guerra nas Estrelas), e reproduziu os “evaporadores de umidade” do planeta desértico Tatooine, lar da família de Luke Skywalker. Em forma de torres, os dispositivos extraíam a baixíssima umidade disponível no ar, e a convertiam em água potável nas fazendas de umidade.

Se isso “funcionava” em na paisagem desértica do mundo idealizado por George Lucas, por que não tentar em uma região como Kozhikode, com seu clima tropical e úmido? Com essa ideia na cabeça, e já formado em arquitetura e design industrial, Shrivastav fundou, com os amigos Govinda Balaji e Venkatesh Raja, a Uravu Labs, uma startup de soluções sustentáveis para obter água potável a partir da umidade do ar.

Como produzir água à maneira de Star Wars?

A Uravu trabalha com materiais chamados dessecantes, substâncias com alta “afinidade” por moléculas de água, absorvendo-as da atmosfera. Esse material é utilizado em geradores de água atmosférica operados com o uso de luz solar ou eletricidade renovável. Ao ser aquecido a 65 °C, o dessecante libera a umidade, que pode então se condensar em água potável.

Em entrevista à BBC Mundo, Shrivastav diz que o ciclo completo demora cerca de 12 horas, com cada unidade produzindo cerca de 2 mil litros de água potável. O objetivo inicial da empresa de Bangalore era fornecer água potável para comunidades carentes, mas, sem apoio de RSC (Responsabilidade Social Corporativa) e ONGs, o projeto se mostrou financeiramente inviável.

Sem encontrar o tipo de apoio que esperavam na Índia, eles passaram a vender sua água diretamente a 40 clientes no setor de hospitalidade. Para isso, se integraram a aplicativos comerciais para ampliar a oferta de serviços a consumidores finais, em uma parceria que passou a gerar receita adicional para ambas as partes.

O grave problema da água no planeta

A estimativa da FAO é que até 1,8 bilhão de pessoas vivenciarão escassez “absoluta” de água.Fonte:  Getty Images 

Um dos mais graves problemas planetários hoje, a escassez de água atinge vários países, principalmente no hemisfério sul, onde paradoxalmente, as populações têm convivido com secas extremas e graves inundações associadas às mudanças climáticas.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 4 bilhões de pessoas, o equivalente a 50% da população mundial, passam por falta d’água pelo menos uma vez. A estimativa da agência da ONU é de que, até 2025, 1,8 bilhão de pessoas vivam em países ou regiões com “absoluta” escassez do precioso líquido.

Mas agrura para bilhões de pessoas pode significar um importante mercado emergente para quem detém a tecnologia para entregar uma fonte de água doce sem a tradicional infraestrutura hídrica. Em 2022, o chamado mercado de geração de água atmosférica foi avaliado em USS$ 3,4 bilhões. Esse valor deve bater os US$ 13,5 bilhões até 2032, conforme a consultoria Global Market Insights.

Outra solução para escassez de água

Recusando-se a beber do rio contaminado, Beth Koigi fundou a Magik Water.Recusando-se a beber do rio contaminado, Beth Koigi fundou a Magik Water.Fonte:  Majik Water 

“Banhando-se” na mesma (falta de) água de Shrivastav, a nairobiana Beth Koigi utiliza outra tecnologia para produzir água a partir do ar. Cofundadora e CEO da Majik Water, ela gerencia o empreendimento social Majik Water. Com 40 unidades geradoras de água atmosférica, a empresa utiliza técnicas baseadas em resfriamento e condensação para capturar a umidade do ar.

A aventura começou em 2017, quando Koigi, que se autodenomina promotora da segurança hídrica, recusou-se a usar a água contaminada de um rio próximo a Nairóbi para cozinhar, beber e se lavar. A tecnologia da Majik Water é instalada em regiões onde o acesso à água é difícil, criando assim uma solução sustentável e independente a fontes tradicionais de água, segundo o site da empresa.

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