O governo de Taiwan disse nesta segunda-feira (8) ter detectado mais balões da China sobrevoando seu espaço aéreo, o que aumenta a tensão na região a poucos dias da eleição presidencial na ilha considerada rebelde por Pequim. O Ministério da Defesa taiwanês acusou o gigante asiático de ameaçar a segurança da aviação e de fazer guerra psicológica contra a população às vésperas do pleito.
Três balões teriam sido detectados no domingo (7) sobrevoando o estreito de Taiwan, fronteira não oficial entre continente e província. Mais tarde, pelo menos um deles teria cruzado o espaço aéreo da ilha. As autoridades taiwanesas suspeitam que os artefatos sejam usados para espionagem.
A possibilidade de a China usar balões para coletar informações de outros países ganhou projeção global em fevereiro do ano passado, quando os Estados Unidos destruíram sob seu espaço aéreo um artefato do país asiático, em episódio que desencadeou nova crise entre as superpotências. Pequim argumenta que o balão abatido era usado para pesquisas meteorológicas e que havia desviado da rota devido ao vento.
Taiwan está em alerta máximo em relação às atividades militares e políticas chinesas antes das eleições presidenciais e parlamentares que ocorrem no próximo sábado (13). A ilha afirma que Pequim exerce pressão numa tentativa de interferir nas disputas.
Na prática independente, Taiwan é considerada pelo regime chinês uma província rebelde que, mais cedo ou mais tarde, deve ser anexada. As relações com a China são um dos temas-chave da campanha.
O Ministério da Defesa da ilha já havia detectado no mês passado outros balões chineses sobrevoando o estreito de Taiwan. A pasta afirmou que, na semana passada, alguns dos artefatos invadiram seu espaço aéreo em regiões próximas das principais bases aéreas da ilha.
No episódio mais recente, um dos balões teria cruzado a região sul da ilha, de acordo com um mapa divulgado pelo ministério. Todos os artefatos sobrevoaram para o leste antes de desaparecerem. O Ministério da Defesa chinês não respondeu a pedidos de comentários feitos pela agência Reuters.
A candidata a vice-presidente do Partido Democrático Progressista (DPP), Hsiao Bi-khim, disse nesta segunda que a China deveria parar de assediar Taiwan. “Não aceitamos o uso de intimidação e ameaças para interferir na vida do povo em nenhum momento”, disse ela. “Não apenas nesta semana, esperamos que a paz e a estabilidade no estreito de Taiwan possam continuar por um longo tempo.”
Jaw Shaw-kong, o candidato a vice-presidente do maior partido de oposição de Taiwan, o Kuomintang (KMT), já havia pedido no domingo que a China parasse de enviar aeronaves e navios de guerra para o estreito, faltando uma semana para a eleição. “Por favor, permita que o estreito de Taiwan permaneça pacífico e que nossa eleição seja muito tranquila.”
A linha mediana do estreito de Taiwan serve como uma espécie de barreira não oficial entre Taiwan e a China, mas caças chineses, drones e balões voam com frequência sobre ela.
O Escritório de Assuntos de Taiwan da China reiterou na semana passada que a linha mediana do estreito “não existe” e que o Partido Democrático Progressista (DPP), que está no poder em Taiwan, está “aumentando a ameaça do continente à medida que a eleição se aproxima” e incitando o confronto.