Receita nova, elemento antigo. Pesquisadores do Lawrence Berkeley National Laboratory, desenvolveram novo método para obter o elemento 116, livermório. Além de obter sucesso na empreitada, eles parecem ter descoberto um meio para produzir 120º elemento da tabela periódica.
Atualmente a tabela periódica conta com 118 elementos oficiais e continua sua busca por elementos novos, mais pesados e quem sabe, mais duráveis, como diz a premissa sobre uma ilha de estabilidade.
Com núcleos muito instáveis, elementos pesados tem sido produzidos a partir de técnicas de bombardeamento de outros elementos, como urânio e plutônio, no entanto, além da produção ser escassa, os elementos não “vivem” o suficiente para serem estudados e terem seus usos elaborados, mas isso pode mudar.
Elementos sintéticos superpesados não possuem estabilidade, tendo meias-vidas de milissegundos.Fonte: Getty Images
Receita nova
A receita usual para descoberta de novos elementos sintéticos é a utilização de bombardeamento de prótons em núcleos pesados. Geralmente, esse prótons são produzidos pelo isótopo de cálcio-48, que bombardeiam núcleos de plutônio, desencadeando fissões.
Mas o grupo decidiu mudar um pouco a receita, retirando o cálcio e o substituindo titânio-50. Ainda com essa substituição, eles esperavam obter o elemento 116 – livermório. Utilizando super ímãs e elétrons livres para eliminar alguns dos elétrons do núcleo do titânio, o grupo conseguiu chegar a um ingrediente ótimo para seu experimento.
Durante 22 dias, esse preparado de titânio irradiou sob lâminas de plutônio, que cederam aos pesquisadores os desejados isótopos de livermório. Quando bombardeados, os núcleos atômicos podem sofrer alterações, decaindo e gerando outros elementos.
Com o resultado obtido, eles esperam conseguir produzir elementos mais estáveis e capazes de sobreviver tempo suficiente para testagem.Fonte: Getty Images
Mas cadê o elemento 120?
Mesmo os pesquisadores não tendo conseguido isolar o elemento 120 logo na primeira tentativa, eles estimam que esse novo método, através do uso de outro elemento, fora o cálcio, pode ser a saída que eles esperavam para testagem e criação de novos isótopos.
Eles esperam que esse novo modelo e com o avanço das formas de detecção, poderão sintetizar o novo elemento, tornando-o suficientemente estável para ser estudado e quem sabe, ter algum uso prático.
Se o elemento 120 corresponder as expectativas, o mundo da física e da química terá finalmente conseguido atingir o nirvana científico, alcançando a tão esperada ilha de estabilidade dos elementos químicos.
Naturais, sintéticos e a beleza da química elementar
Os elementos químicos podem ter duas origens, sendo uma a forma natural, encontrada diretamente em fontes minério, rochas, metais e na natureza em geral, e a outra é a produção sintética desses elementos.
Isso não quer dizer que eles nunca existiram de forma natural na história do universo em algum momento. A falta desses elementos sintéticos na natureza poderia ser explicada pelas condições de clima, temperatura e pressão em nosso planeta.
Pode ser que em outros lugares no universo existam elementos químicos muito distintos dos que conhecemos hoje.Fonte: Getty Images
Estima-se que ainda haja muito a ser estudado e desvendado no campo das interações físico-químicas dos elementos da tabela periódica, principalmente em relação aos elementos já descobertos, mas que devido a sua quase instantânea meia-vida, nunca puderam passar por extensa investigação.
E isso é totalmente possível, pois não há um limite definido para quantos elementos podem compor a tabela periódica. Há inclusive nomes hipotéticos para futuras descobertas. Ainda não encontramos, mas as “profecias” científicas esperam por eles.
Se assim como eu, iniciou pensando qual era o elemento 119, já que estamos cogitando a descoberta do 120, saiba que ele ainda não foi descoberto, mas que já possui um nome: ununênio.
Tarda, talvez falhe, mas continuarão tentando
As hipóteses e teorias sobre o futuro elemento 120 logo serão testadas. O grupo de pesquisa pretende terminar os ajustes técnicos em breve, para que em 2025 as primeiras rodadas de experimentação possam acontecer.
Pode parecer tolice a simples substituição de um elemento para outro no bombardeio de núcleos atômicos, no entanto, é preciso ser cauteloso ao realizar esse tipo de reação, principalmente quando o núcleo bombardeado é um dos elementos radioativos. Por isso, é preciso cautela antes de substituir elementos e realizar os experimentos.
E se você acha peculiar a busca pelo elemento 120 sem antes ter encontrado seu antecessor, saiba que sempre foi assim. Os elementos da tabela periódica são ordenados segundo o número atômico dos elementos, sendo assim, a ordem de descoberta é irrelevante para a ordenação da tabela.
Possivelmente, logo teremos novidades nesse campo e novos moradores para os espaços ainda em branco da tabela periódica.
Quer saber mais sobre o fantástico mundo dos elementos químicos? Talvez goste de desvendar o enigma do fogo púrpura. Para continuar por dentro das novidades do mundo científico, continue acompanhando a TecMundo.