Conforme o esperado, os trabalhistas do Reino Unido estão impondo derrotas ao Partido Conservador, do primeiro-ministro Rishi Sunak, nas eleições locais que ocorreram nesta quinta-feira (2). A votação é um termômetro para o pleito geral que, segundo o premiê, deve ocorrer ainda este ano.
“Obviamente é decepcionante perder bons líderes locais conservadores, e sou grato a eles por todo o serviço prestado, mantendo o imposto municipal baixo e fornecendo serviços para a população. Mas ainda temos muitos resultados a serem divulgados também”, afirmou Sunak a repórteres.
Na tarde desta sexta-feira (3), os resultados mais simbólicos para os trabalhistas foram a vitória na corrida pela Prefeitura de York e North Yorkshire —uma área que cobre o distrito eleitoral de Sunak, Richmond— e a conquista da única cadeira no Parlamento que estava em jogo.
Um alento para os conservadores foi a Prefeitura da região de Tees Valley, no norte da Inglaterra, que o político Ben Houchen levou. Pela rede social X, Sunak parabenizou o correligionário. “Tees Valley quer seguir com o plano que está funcionando”, afirmou.
Em seguida, o premiê se reuniu com Houchen em um aeroporto para celebrar a vitória e criticar os trabalhistas. “É preciso dizer ainda que eles também jogaram muita lama nesta eleição porque estavam irritados. Irritados porque Ben entregou mais para esta região em sete anos do que o Partido Trabalhista em 30 anos”, afirmou.
Na quinta, os britânicos foram às urnas para votar para mais de 2.000 assentos de autoridades locais, no que é considerado o último grande teste antes das eleições gerais. As pesquisas indicam que o Partido Conservador, no poder desde 2010, pode perder metade dos assentos nos conselhos locais que tenta manter.
O presidente do Partido Conservador, Richard Holden, disse que foi “uma noite difícil”. Caso as previsões se confirmem, as eleições poderiam colocar o líder trabalhista Keir Starmer no poder e encerrar 14 anos de governo dos conservadores. “Isto é na véspera de uma eleição geral”, disse o coordenador nacional da campanha do Partido Trabalhista, Pat McFadden. “O clima é de que é hora de mudança.”
“Aqui em Blackpool, uma mensagem foi enviada diretamente ao primeiro-ministro”, afirmou o trabalhista Keir Starmer, líder da oposição, em referência ao distrito eleitoral que elegeu um parlamentar de seu partido. “Estamos cansados do seu declínio, do seu caos, da sua divisão. Queremos mudança. Queremos avançar com o trabalhismo.”
A cadeira de Blackpool South no Parlamento ficou vaga após o conservador Scott Benton renunciar em março em meio a um escândalo de lobby envolvendo empresas de jogos de apostas. Agora, os eleitores escolheram o trabalhista Chris Webb para o assento em uma vitória definida por Starmer como “verdadeiramente histórica”.
Na maioria das pesquisas para as eleições nacionais, os conservadores estão cerca de 20 pontos percentuais atrás dos trabalhistas. Em dezembro do ano passado, Sunak, cujo governo é reprovado pela maior parte da população, disse que o pleito ocorreria em 2024, ainda que os conservadores tenham até janeiro de 2025 para realizá-las.
O premiê ainda mantém esforços para levantar recursos depois que escândalos e má gestão econômica derrubaram os ex-primeiros-ministros Boris Johnson e Liz Truss em questão de meses em 2022, impactando a reputação do partido.
Uma das estratégias para tentar recuperar sua popularidade foi uma lei que permite enviar requisitantes de refúgio para Ruanda, na África, enquanto suas solicitações são analisadas pelo sistema migratório britânico. Na aprovação do texto, há quase duas semanas, o Parlamento derrubou todas as emendas propostas pela oposição, em uma vitória para Sunak.
No entanto, para o especialista em pesquisas de opinião John Curtice, consultado pela agência de notícias Reuters, os conservadores podem estar enfrentando seus piores resultados em eleições locais em 40 anos com base nos resultados parciais.