Os fortes terremotos que atingiram a província de Herat, no oeste do Afeganistão, aumentaram as enormes dificuldades enfrentadas pelos habitantes, à medida que um inverno potencialmente mortal se aproxima. Os sismos mataram e feriram pelo menos 1,4 mil pessoas e arrasaram aldeias inteiras.
Por esta razão, o Programa Mundial de Alimentos, PMA, fez um apelo urgente de US$ 18,8 milhões para que os sobreviventes possam comer e se recuperar da tragédia.
Miséria total
A agência afirma que serão necessários mais US$ 400 milhões para ajudar os mais vulneráveis a sobreviver ao clima severo que se aproxima.
O porta-voz do PMA para o Afeganistão, Philippe Kropf, foi às aldeias afetadas após os primeiros tremores e contou que “são comunidades que já mal conseguem se alimentar, e cada uma dessas crises as leva de volta à miséria total”.
Kropf disse que “esses terremotos ocorrem em um momento em que 15 milhões de pessoas, quase um terço da população do Afeganistão, não sabem de onde virá sua próxima refeição”.
No entanto, o PMA foi “forçado a cortar 10 milhões de pessoas da assistência alimentar este ano, devido a um enorme déficit de financiamento”, disse ele.
Relatos de sobreviventes
Uma mulher chamada Ziba, disse que tudo que a família dela possuía “está enterrado.” Ela contou que viu as filhas “embaixo das paredes desabadas da casa”. Uma delas teve a perna quebrada. A outra estava morta, deixando os filhos aos cuidados da avó.
O PMA já alcançou quase 34 mil sobreviventes de terremotos como Ziba com assistência alimentar de emergência, que começou a ser distribuída poucas horas após os primeiros abalos.
A entidade planeja entregar alimentos e auxílio em dinheiro a mais de 100 mil pessoas nos próximos três a sete meses. Outra meta é lançar programas de resiliência de longo prazo para ajudar a população a reconstruir seus meios de subsistência.
Destruição dos meios de subsistência
No entanto, a grave crise de financiamento é um dos principais obstáculos.
Os terremotos mataram principalmente mulheres e crianças, segundo agências humanitárias. Muitos animais morreram devido aos tremores, desferindo um novo golpe nas comunidades que viviam da agricultura de subsistência e do pastoreio.
O porta-voz do PMA disse que o desastre veio na esteira de “quase 40 anos de conflito quase ininterrupto”, além de altos níveis de insegurança alimentar, de cinco anos de seca e “uma recessão econômica há dois anos que destruiu meios de subsistência e empregos”.