Lançada pela Netflix no dia 19 de setembro, a série Monstros – Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais tem chamado a atenção por dar uma nova atenção a uma história que chocou o mundo no começo dos anos 1990. Ela mostra como o desastre atingiu uma família rica e influente, cujos patriarcas foram mortos a sangue frio pelos próprios filhos.
Apesar de se basear em fatos reais, a produção comandada por Ryan Murphy também faz algumas mudanças relevantes para contar uma narrativa mais atraente ao público. Isso inclusive já rendeu a ele várias críticas de um dos envolvidos, Richard Lyle, que disse que a série pinta um retrato incompleto e enviesado do que realmente aconteceu.
Um dos principais pontos de Irmãos Menendez que tem gerado controvérsia é a linha do tempo e a maneira como o psicológico de Erik influenciou na investigação. Ao fazer essas alterações, a série dá uma ideia errada de como a prisão dos irmãos foi realizada e deixa de lado muitas das controvérsias relacionadas às evidências usadas nos tribunais.
Irmãos Menendez faz uma grande mudança na cronologia
Tanto na série da Netflix quando no mundo real, o elemento central para a prisão dos Irmãos Menendez foi a confissão que Lyle e Erik fizeram ao psicólogo Jerome Oziel. Por questões de integridade profissional, ele era obrigado a manter a informação em segredo, mesmo que ela envolvesse um crime conhecido.
No entanto, isso não impediu que Oziel compartilhasse detalhes do caso com sua então namorada, Judalon Smyth. E foi justamente ela a responsável por compartilhar a informação com as autoridades durante um episódio de raiva descontrolada que aconteceu após o psicólogo terminar o relacionamento que mantinha com ela.
Na série, os eventos são bastante diferentes. Ela mostra que o psicólogo temia virar um alvo dos Irmãos Menendez, que afirmam que vão mata-lo caso ele revelasse a informação para alguém. Com medo, ele teria pedido que Smyth gravasse as confissões e as guardasse em um lugar seguro. Com medo de também virar um alvo, ela decide levar as fitas para a polícia.
A produção da Netflix também ignora o fato de que o material foi considerado controverso, justamente por violar a relação de confiança entre paciente e terapeuta. No entanto, ele acabou podendo ser usado durante o julgamento de Erik e Lyle já que, como eles ameaçaram Oziel, a relação de privilégio profissional havia sido violada.
Isso só aconteceu após uma batalha legal que durou dois anos e que acabou parando na Suprema Corte da Califórnia. Além disso, as fitas com as gravações das confissões não foram entregues diretamente para a polícia, mas sim apreendidas como parte de uma busca feita na casa do psicólogo.
Para complicar ainda mais as coisas, Irmãos Menendez deixa de fora o fato de que Smyth acabou testemunhando a favor da dupla no julgamento de 1993. Na ocasião, ela afirmou que havia sofrido “lavagem cerebral” e fez diversas declarações com o objetivo de descredibilizar Oziel e seu trabalho como profissional.
O que aconteceu com Oziel?
O psicólogo Jerome Oziel foi central para a prisão dos Irmãos MenendezFonte: Divulgação/Netflix
Embora as fitas com as confissões dos Irmãos Menendez tenham sido usadas como evidências importantes do caso, o psicólogo ainda teve que responder por suas ações. Segundo o Conselho de Psicologia da Califórnia, o profissional violou a relação de respeito com seus clientes ao compartilhar detalhes do caso com a pessoa que era sua namorada na época.
Além disso, Oziel foi considerado culpado de cometer assédio sexual contra pacientes mulheres, algo que ele sempre negou. No entanto, ele não recorreu quando a entidade caçou sua licença em 1997. Desde então, ele se afastou da carreira de psicólogo, embora ainda apresente seminários que prometem ensinar mulheres a terem relacionamentos mais saudáveis.