Fernando Diniz, treinador interino da seleção brasileira, convocou neste sábado (23) os 23 jogadores para as partidas de outubro das Eliminatórias da Copa do Mundo, contra Venezuela e Uruguai.
Em relação ao grupo disponível na partida mais recente (1 a 0 sobre o Peru, em Lima), duas alterações: o volante Gerson e o atacante Vinicius Junior –ficaram fora o meia-atacante Joelinton e o atacante Gabriel Martinelli.
Neymar como não poderia deixar de ser, está na lista de Diniz. Desde que começou a atuar pela seleção principal, em agosto de 2010 (amistoso contra os EUA), o atual camisa 10 sempre foi figurinha fácil no escrete canarinho.
Só ficou fora de partidas da equipe algumas vezes por estar lesionado (perdeu a Copa América de 2019, por exemplo) ou por acerto com o clube que defendia (em 2016, para liberá-lo para as Olimpíadas do Rio, o Barcelona o vetou na Copa América Centenário).
Neymar, chamado por muitos de “Menino Ney” devido a uma suposta falta de maturidade, já não é mais um garoto: completou em fevereiro último 31 anos. Também não está mais na vitrine do futebol europeu, trocando o Paris Saint-Germain pelo Al Hilal, da Arábia Saudita.
Depois da eliminação na Copa do Mundo do Qatar, no final de 2022, ele aventou a possibilidade de se aposentar da seleção, algo natural após uma grande decepção. Recuou e continua vestindo a camisa amarela.
O questionamento a ser feito é este: a seleção ainda precisa do futebol de Neymar ou ele é dispensável?
Muitos se lembrarão de que Neymar, protagonista do time há mais de dez anos, não foi capaz de liderar o Brasil a uma conquista de Copa do Mundo: falhou em 2018 e em 2022, e em 2014 teve séria lesão nas quartas de final. Nem Copa América ele faturou quando jogou, em 2011, 2015 e 2021.
Além disso, o Brasil sagrou-se campeão da principal competição sul-americana, em 2019, sem Neymar, que não participou da Copa América por causa de contusão no tornozelo.
Esses são argumentos a serem considerados por quem defende a exclusão do craque da seleção. O “cai-cai” em campo parece não ser mais válido contra ele, já que Neymar tem se mantido em pé bem mais do que em momentos anteriores.
Insubstituível, de fato, ninguém é. Porém é inegável que não há, tecnicamente, alguém tão capacitado como Neymar entre os jogadores brasileiros.
Além de ter uma habilidade enorme com a bola nos pés, ótima visão de jogo (inteligência cinestésica afloradíssima) e ainda ser veloz –no mês passado, quase fez um gol antológico diante da Bolívia ao arrancar do meio de campo com a bola dominada e driblar quatro rivais antes de finalizar e o goleiro salvar–, ele tem um papel de liderança no grupo.
Os outros atletas da seleção o admiram e o respeitam, assim como os treinadores –aparentemente Neymar, que tem seu lado brincalhão, é muito bom no convívio social na seleção.
E, excetuando-se a falta de títulos, os resultados do Brasil com e sem ele escancaram a sua relevância. Nas 126 partidas em que contou com Neymar, a seleção perdeu apenas oito (6%, 1 a cada 16 jogos); sem ele, foram 48 partidas e 12 derrotas (25%, 1 a cada 4 jogos).
Neymar também é uma referência goleadora. Em jogos oficiais, passou Pelé, tendo marcado 79 vezes ante 77 do Rei do Futebol. A média de gols do camisa 10 com a seleção é de 0,63 por partida.
Não há quem chegue perto entre atacantes selecionáveis: Richarlison, 20 gols em 46 jogos (média de 0,43); Gabriel Jesus, 19 gols em 61 jogos (média de 0,31); Raphinha, 6 gols em 18 jogos (média de 0,33); Rodrygo, 4 gols em 16 jogos (média de 0,25); Vinicius Junior, 3 gols em 23 jogos (média de 0,13).
Além disso, quando Neymar balançou as redes nas partidas que disputou (em 60 das 126), o Brasil só saiu de campo derrotado uma vez (excluindo as disputas de pênaltis), em amistoso contra a Alemanha em 2011 (3 a 2), acumulando 55 vitórias e 4 empates (Croácia, na Copa-2022, e três amistosos).
Neymar, caso continue a ser convocado pela seleção e possa, livre de lesões, defendê-la por mais alguns anos, ruma para se tornar o jogador com mais jogos pelo time: está atrás somente dos laterais pentacampeões mundiais Cafu (150) e Roberto Carlos (132).
E o interesse de Neymar em jogar pelo Brasil, continua a existir?
Parece evidente. Não só pelo patriotismo, já que ele sempre deixou claro seu comprometimento em ir a campo por seu país, mas também pela vaidade.
Quase todo jogador tem o seu orgulho, quer ser visto e admirado, e, agora enfurnado no ainda obscuro futebol saudita, Neymar precisa da seleção para que o mundo o veja e fale (mais) dele –preferencialmente com elogios e afagos.
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