O segundo avião com brasileiros repatriados do Líbano pousou no início da manhã desta terça-feira (8) em São Paulo. A aeronave KC-30, da FAB (Força Aérea Brasileira), do governo federal, pousou às 6h58 na Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos. O avião transportou 227 passageiros e três animais de estimação.
Agora, chega a 456 o número de pessoas repatriadas pela operação “Raízes do Cedro”. No domingo (6), já havia pousado em São Paulo o primeiro voo com resgatados. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estava na base área para receber os passageiros.
Na ocasião, o petista fez um breve discurso após receber os repatriados. Nele, acusou o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, de usar a guerra no Oriente Médio para permanecer no poder e se vingar dos palestinos.
O vendedor Wagih Baalbaki, 42, aguardava a família no aeroporto nesta terça. Ele não vê a mulher e os quatro filhos, o mais velho com autismo, há quatro anos. Após ficar desempregado durante a pandemia no Líbano, onde trabalhava como eletricista, voltou ao Brasil sem os parentes.
Baalbaki nunca conseguiu juntar dinheiro para comprar passagens para trazer a família para perto de si. Com o início dos bombardeios no país, sua mulher, libanesa, relatou pânico e o desejo de retornar. “É muita saudade, nem acredito que vou ver minha família daqui a alguns minutos”, disse.
Na aeronave estava o estudante Khalil Kanbour, 16, para quem a situação ficou insustentável no Líbano após os ataques se intensificarem.
“O barulho das bombas era muito forte e foi ficando cada vez mais constante”, afirmou ele, que havia se mudado para o país do Oriente Médio com a família dez meses atrás, para completar os estudos. “É um país maravilhoso, um segundo Brasil. Uma pena ir embora. Mas pretendo voltar.”
Nas últimas semanas, Israel intensificou seus ataques contra o Líbano em resposta ao lançamento de foguetes do grupo extremista Hezbollah —que, por sua vez, atacava o Estado judeu em solidariedade aos palestinos na Faixa de Gaza.
Em um ano, a ofensiva já deixou mais de 2.000 mortos e 1,2 milhão de deslocados no Líbano, de acordo com autoridades em Beirute. No norte de Israel, 60 mil pessoas tiveram que sair de suas casas devido aos ataques, segundo Tel Aviv.
Kanbour conta que a tensão seguiu até a hora do embarque. Durante o check in, ele ouviu um estrondo. Quando olhou pela janela de vidro no aeroporto, viu fumaça subindo muito perto do local do embarque. “Foi assustador. Mas o alívio veio quando o avião finalmente partiu”, disse ele. Sua avó, que estava no voo, vestia um agasalho do Brasil e, emocionada, repetia: “Gratidão, gratidão.”