Um dia depois de se tornar o primeiro ex-presidente americano condenado em ação criminal na história dos Estados Unidos, Donald Trump afirmou ser alvo de perseguição no momento em que tenta voltar à Casa Branca e disse que vai recorrer da decisão.
“Se eles podem fazer isso comigo, eles podem fazer isso com todo mundo”, afirmou o republicano de 77 anos em um pronunciamento de 33 minutos à imprensa na Trump Tower, em Nova York, antes de falar sobre temas que são caros ao seu eleitorado, como migração, impostos e violência.
Como esperado, Trump negou ter cometido qualquer crime.
Nesta quinta-feira (30), um júri formado por 12 pessoas na Corte Criminal de Manhattan, em Nova York, avaliou que o empresário é culpado nas 34 acusações de falsificação de registros empresariais para encobrir pagamentos à atriz pornô Stormy Daniels e, assim, evitar que ela divulgasse as supostas relações sexuais que teve com Trump às vésperas da eleição de 2016.
A sentença será definida no dia 11 de julho.
“Isso tudo foi feito por Biden e seu grupo”, afirmou Trump ao criticar a corte e a decisão. “Eu sou o presidenciável líder e estou sob uma ordem de silêncio dada por um homem que não consegue juntar duas frases”, disse ele.
O republicano se referia ao juiz responsável pelo caso, Juan Merchan, que impôs multas ao ex-presidente por violar uma ordem de silêncio que o impedia de criticar envolvidos no julgamento criminal. Durante o processo, Trump chamou seu ex-advogado Michael Cohen de “mentiroso em série” e endossou acusações de que o tribunal estava selecionando para o júri “ativistas progressistas infiltrados que mentem”.
Cohen foi a principal testemunha da acusação no caso. No depoimento que deu à corte no caso, o advogado disse que seguiu ordens diretas de Trump ao pagar pelo silêncio de Daniels.
Ao falar sobre o que considerou injustiças durante o processo, Trump afirmou que algumas testemunhas que estavam do seu lado foram “literalmente crucificadas” por esse homem, provavelmente Merchan, “que parece um anjo, mas é um demônio”.
A testemunha que, segundo o republicano, “atravessou o inferno”, possivelmente é o advogado Robert Costello, que foi repreendido por Merchan ao reclamar das objeções dos promotores no caso e das discussões entre os advogados e o juiz no tribunal.
Trump alegou também que as despesas pagas por ele eram legais. “Esse foi o crime que eu cometi”, afirmou ele. “Quando há crimes violentos em toda a cidade em níveis nunca vistos antes”, afirmou, em uma das várias declarações falsas que deu ao longo do pronunciamento.
“Não podemos deixar isso acontecer com outro presidente, isso nunca pode voltar a acontecer no futuro. Isso é maior do que eu, Trump, maior do que a minha Presidência”, afirmou o republicano.