Um tribunal em Moscou condenou nesta terça-feira (9) Iulia Navalnaia, 47 —viúva do político de oposição russo Alexei Navalni— a dois meses de cárcere.
Navalni morreu em fevereiro em uma prisão na região de Iamalo-Nenets, no Ártico, e cumpria 30 anos de pena por condenações diversas. Após a morte de seu marido, a economista russa ganhou relevância internacional e disse que assumiria sua atividade política.
A corte decidiu que a opositora, que vive fora da Rússia, é culpada de participar de um grupo extremista. A decisão significa que ela será presa caso volte a pisar em seu país natal.
O Judiciário russo, em tese, é independente, mas seu alinhamento com os interesses do Kremlin é notório.
Nesta terça-feira, Navalnaia pediu aos seus apoiadores que se concentrassem não na ordem de prisão contra ela, mas na luta contra o presidente russo, Vladimir Putin.
“Quando vocês escreverem sobre isso, por favor, não se esqueçam de escrever o principal: Vladimir Putin é um assassino e um criminoso de guerra“, afirmou no X. “O lugar dele é na prisão, e não em algum lugar em Haia, em uma cela aconchegante com uma TV, mas na Rússia —na mesma colônia e na mesma cela de dois por três metros em que ele matou Alexei.”
Antigo braço direito de Navalni, Leonid Volkov, que também está exilado, ironizou a decisão russa. “Um belo reconhecimento da determinação de Iulia em continuar a luta de Alexei”, escreveu na mesma plataforma.
Navalni surgiu na vida pública de seu país em 2012, em meio aos protestos contra a segunda das três reeleições do presidente Vladimir Putin.
No final de 2020, em Tomsk, na Sibéria, ele foi envenenado naquilo que é amplamente descrito como um complô de serviços de segurança russos.
Levado para a Alemanha em coma, ele foi tratado. Voltou a Moscou em janeiro de 2021 e, ao ser preso, disparou uma onda nacional de protestos que foi violentamente reprimida pela polícia.
A cadeia em que o ativista morreu é conhecida como Lobo Polar devido às suas condições duríssimas. Ela fica em uma região a 1.900 km de Moscou.
O Kremlin negou ter ordenado a morte de Navalni.
Desde que seu marido morreu, Navalnaia se encontrou com vários líderes ocidentais, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
O Human Rights Foundation, organização sem fins lucrativos com sede nos EUA, nomeou Navalnaia como sua presidente na semana passada. Na ocasião, ela disse que usaria o novo cargo para continuar a batalha que seu marido travava contra o presidente russo.
“Vamos levar em conta tudo o que possa ser útil para lutar contra Putin, para lutar pela bela Rússia do futuro”, disse no X.