A Rússia e a China vetaram uma resolução proposta pelos Estados Unidos no Conselho de Segurança das Nações Unidas que determinava “o imperativo” de um cessar-fogo imediato e duradouro na guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza.
O placar foi 11 votos a favor, 3 contrários e 1 abstenção.
A votação ocorreu nesta sexta-feira (22). O embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, acusou o texto de proteger Tel Aviv e chamou Washington de hipócrita por ter bloqueado até agora uma resolução pedindo um cessar-fogo, mudando de postura apenas agora.
Ele ainda disse que a proposta é uma tentativa de o governo Joe Biden “jogar um osso” para os eleitores –o americano vem sofrendo protestos nas primárias por seu apoio a Israel, sobretudo da comunidade árabe-americana e de jovens, que podem fazer a diferença em uma eleição apertada contra Donald Trump.
No ano passado, os EUA vetaram uma resolução proposta pelo Brasil pouco tempo após a eclosão do conflito que falava em “pausas humanitárias”, sob a justificativa de que o texto não reconhecia o direito de Israel de se defender. Em fevereiro, Washington usou novamente seu poder de bloqueio contra uma resolução proposta pela Argélia que demandava um cessar-fogo.
A proposta americana acontece em meio às tentativas do país de pressionar Tel Aviv a desistir de uma operação militar em Rafah. Nesta sexta, o secretário de Estado, Antony Blinken, chega à região para levar a mensagem de que “uma grande operação militar em Rafah seria um erro”, afirmou.
“A Rússia tem a audácia e a hipocrisia de jogar pedras quando ela própria tem um teto de vidro”, afirmou a embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, após o fracasso da resolução, em referência à Guerra da Ucrânia.
“Os EUA está trabalhando incansavelmente para garantir um cessar-fogo duradouro e imediato como parte de uma cordo para libertação dos reféns que vai nos ajudar a lidar com a situação humanitária em Gaza”, disse Thomas-Greenfield antes da votação.
“Esse é um momento em que o Conselho de Segurança tem um papel crítico. Essa resolução vai colocar pressão sobre o Hamas para aceitar um acordo”, completou.
O forte apoio americano ao seu maior aliado no Oriente Médio, no entanto, passa por um período turbulento diante das críticas às operações de Israel. Segundo autoridades palestinas, 32 mil pessoas foram mortas desde o início da guerra, em sua maioria mulheres e crianças.
Pressionado dentro e fora dos EUA, o presidente Joe Biden mudou seu discurso e passou a cobrar publicamente o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu. Em conexão com a postura mais crítica ao aliado, Washington também implementou sanções contra colonos judeus na Cisjordânia associados a episódios de violência.
Esta é a nona vez que o Conselho de Segurança vota uma resolução sobre o conflito entre Israel e o Hamas. Até agora, apenas duas foram aprovadas. O fracasso de mais uma resolução reforça as críticas à inação da instância máxima da ONU, imobilizada pelo poder de veto dos seus cinco membros permanentes.