Ao menos 45 pessoas morreram no rompimento de uma barragem na madrugada desta segunda-feira (29) em uma cidade ao noroeste de Nairóbi, capital do Quênia. O incidente aconteceu no momento em que o país sofre com chuvas torrenciais e mantém as escolas fechadas. Segundo as autoridades, número de mortos pode aumentar.
“Até o momento, recuperamos 45 corpos da tragédia da barragem. As equipes estão sobrecarregadas, mas as buscas prosseguem”, declarou um funcionário da delegacia do condado de Nakuru por telefone à AFP.
A barragem rompeu perto da cidade da localidade de Mai Mahiu, na região de Nakuru, a 100 quilômetros de Nairóbi. Casas foram destruídas e uma rodovia foi bloqueada.
As inundações alagaram estradas e bairros inteiros, provocando o deslocamento de mais de 130 mil pessoas no país, muitas delas em Nairóbi, segundo os dados oficiais publicados no sábado (27).
O governo queniano pediu na sexta-feira (26) à população se preparasse para temporais ainda mais intensos. De acordo com um balanço divulgado pelas autoridades no país, as chuvas intensas —agravadas pelo fenômeno climático El Niño— provocaram a morte de 120 pessoas desde março.
Por conta das más condições climáticas, o Ministério da Educação do Quênia adiou o início de um novo período escolar em uma semana. “O efeito devastador da chuva em algumas escolas é tão grande que seria imprudente arriscar a vida das crianças e dos funcionários”, afirmou o ministro da Educação do Quênia, Ezequiel Machogu.
O Quênia e grande parte do leste da África registram chuvas sazonais mais intensas do que o habitual há semanas. Uganda também enfrentou fortes tempestades que provocaram inundações. Ao menos duas pessoas morreram e centenas de pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas.
As chuvas também provocaram danos consideráveis na Tanzânia, onde pelo menos 155 pessoas morreram em inundações e deslizamentos de terra. No Burundi, um dos países mais pobres do mundo, quase 96 mil pessoas foram deslocadas por meses de chuvas ininterruptas, anunciaram a ONU e o governo no início do mês.
A África Oriental também foi atingida por inundações recordes durante a última estação chuvosa no final de 2023. Os cientistas dizem que a mudança climática está causando eventos climáticos extremos mais intensos e frequentes.
No final do ano passado, mais de 300 pessoas morreram em consequência das chuvas e inundações no Quênia, Somália e Etiópia, enquanto a região tentava se recuperar da seca mais grave nos últimos 40 anos, que deixou milhões de pessoas em situação de fome.
Em setembro de 2023, autoridades no leste da Líbia afirmam que ao menos 2.000 pessoas morreram após uma tempestade tropical seguida de grande enchente devastar Derna e atingir outras cidades da região.
Dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência da ONU para questões do clima, indicam que eventos climáticos extremos como secas, enchentes, deslizamentos de terra, tempestades e incêndios mais do que triplicaram ao longo dos últimos 50 anos em consequência do aquecimento global.
O fenômeno climático El Niño geralmente é associado a temperaturas globais mais elevadas, o que provoca secas em algumas regiões e inundações em outras.
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