O candidato independente à presidência dos EUA Robert F. Kennedy Jr. tem tido um desempenho nas pesquisas eleitorais melhor do que qualquer candidato de terceiro partido em décadas, atraindo cerca de 10% dos eleitores registrados nos estados-chave, enquanto retira apoio do presidente Joe Biden e do ex-presidente Donald Trump. É o que aponta uma nova série de pesquisas.
Os resultados gerais na disputa entre Biden e Trump praticamente não mudaram quando Kennedy foi incluído nas pesquisas conduzidas pelo The New York Times, Siena College e o jornal The Philadelphia Inquirer. Mas por trás dessa aparente estabilidade, as pesquisas revelaram como Kennedy, impulsionado pelas redes sociais e pelos eleitores mais jovens, emergiu como um coringa imprevisível em uma disputa que, até aqui, se encaminhava para ser uma revanche de 2020.
De acordo com as pesquisas, Biden caiu para 33% em um cenário com cinco candidatos na disputa, uma parcela baixa dos votos para um presidente em exercício. A série de pesquisas focou nos estados que se espera serem os mais disputados no pleito: Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin.
Dois dos grupos em que Kennedy teve melhor desempenho nas pesquisas são fatias do eleitorado que costumam votar em candidatos democratas —eleitores com menos de 30 anos (18% de apoio) e latinos (14%), o que tem deixado alguns estrategistas do partido nervosos. Biden também tem apenas metade dos votos negros na disputa com múltiplos candidatos.
Entre os cerca de 1 em cada 6 eleitores que disseram consumir a maior parte das notícias pelas redes sociais, Kennedy tinha 16% dos votos, próximo aos 18% de Biden nesse recorte.
Metade dos apoiadores de Kennedy disseram que estavam votando porque acreditavam nas propostas dele, enquanto a outra metade disse que seu apoio era principalmente um voto de protesto contra os outros candidatos.
No geral, em uma disputa direta com Biden, Trump lidera por 6 pontos percentuais, vantagem que aumenta para 7 pontos quando Kennedy e outros três candidatos de outros partidos foram incluídos. Nenhum desses três outros candidatos ultrapassou 1%.
Também existe uma divisão por idade nas pesquisas: Kennedy teve mais do que o dobro de apoio (15%) entre os eleitores com menos de 45 anos do que entre os com mais de 45 anos (7%). Kennedy tem 70 anos e é mais jovem do que Trump, 77, e Biden, 81 —mas, se eleito, ainda seria um dos presidentes mais velhos da história dos EUA.
Kennedy entrou na corrida de 2024 como democrata concorrendo contra Biden, e recebeu cobertura favorável em veículos conservadores. O tom mudou agora que ele ameaça também Trump.
Sobrinho do presidente dos EUA John F. Kennedy, assassinado em 1963, Kennedy é um fator imprevisível em uma eleição que os estrategistas de ambos os partidos esperam ser extremamente acirrada. Ele é uma possível saída para eleitores frustrados com Biden, mas que não estão prontos para apoiar Trump, e uma opção para aqueles insatisfeitos com Trump, mas não dispostos a votar em Biden.
A série inclui seis pesquisas diferentes em Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Pensilvania e Wisconsin. Biden venceu todos os seis estados em 2020, mas agora está atrás em todos, exceto em Wisconsin, considerando eleitores aptos a votar.
Já o apoio a Kennedy é consistente. Ele nunca marcou menos de 9% ou mais de 12% em nenhum dos seis estados, com seus apoiadores distribuídos igualmente entre eleitores urbanos, de subúrbios e de áreas rurais, e entre trabalhadores de alta e baixa renda.
No entanto, o efeito de Kennedy na disputa Biden-Trump divergiu de estado para estado.
Em Michigan, a inclusão de Kennedy ajudou Biden a reduzir sua diferença para Trump entre os eleitores aptos a votar em 5 pontos percentuais. Mas em Wisconsin, Nevada e Arizona, a liderança de Trump se expandiu em 2 pontos percentuais quando Kennedy foi incluído.
Quando a pesquisa considerou apenas os eleitores prováveis, Biden estava liderando por pouco no Michigan —mas perdendo em Wisconsin.
Para Kennedy, o próximo grande obstáculo é realmente conseguir entrar na cédula. Dos seis estados pesquisados, ele até agora se qualificou apenas para a cédula de Michigan. Isso porque, nos EUA, conseguir se inscrever como candidato à presidência é um processo que varia de estado a estado e, por isso, requer uma despesa considerável com advogados e organizadores.
Kennedy não é tão conhecido quanto Trump ou Biden. Mas ele é mais bem visto. Dos três, Kennedy foi o único candidato que mais eleitores tinham uma opinião favorável do que desfavorável: 41% eram favoráveis, em comparação com 38% que eram desfavoráveis.
Kennedy foi visto de forma mais positiva pelos eleitores mais jovens, com aproximadamente o dobro de pessoas com menos de 30 anos o avaliando favoravelmente do que não.
De todos os estados chave, é em Nevada que Biden teve o desempenho mais fraco, e Kennedy, o mais forte. Esse estado é mais diversificado e jovem, e nele, o presidente marcava 27% dos votos, enquanto Trump tinha 41% e Kennedy, 12%.