Um menino de 9 anos caminha pelo corredor de um hospital e começa a correr quando vê seu irmão mais velho e seu pai. Após sete semanas de sofrimento, uma família israelense se reúne novamente.
A cena aconteceu na noite desta sexta-feira (24), poucas horas depois da libertação dos primeiros 13 reféns israelenses pelo grupo terrorista palestino Hamas.
Ohad, de camiseta cinza e óculos vermelhos, corre com olhar confiante e os braços estendidos em direção ao abraço reconfortante do pai.
As autoridades limitaram significativamente o acesso dos meios de comunicação social às famílias.
Os psiquiatras alertaram sobre os traumas vividos, principalmente pelas crianças, e sobre o tempo que essas pessoas levarão para retomar a vida.
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Mas o Fórum das Famílias, organização criada em 7 de outubro, oferece declarações a conta-gotas.
“É muito importante para mim dizer que não vamos festejar”, explica Roy Munder, irmão mais velho de Ohad, vestido com uma camiseta preta com a frase “Come home now” (“Venha para casa agora”), em vermelho.
“Estamos felizes, mas não comemoramos porque ainda há outros reféns detidos”, insiste Roy, seriamente.
“Devemos continuar a nossa luta até que todos os reféns sejam libertados”, acrescenta.
O acordo entre o Hamas e Israel, condicionado ao respeito a uma trégua iniciada nesta sexta-feira, deverá permitir a libertação de 50 dos cerca de 240 reféns israelitas sequestrados no dia do ataque dos terroristas.
Em troca, Israel deverá libertar três prisioneiros palestinos por cada refém. Em ambos os lados, apenas mulheres e menores serão soltos.
Nesta sexta, entre os primeiros 13 reféns libertados, estavam quatro crianças, uma delas de 2 anos, e seis mulheres com mais de 70 anos.
O sonho se torna realidade
Entre os libertos estão Aviv e Raz Asher, de 2 e 4 anos, e sua mãe, Doron.
“Sonhei que iríamos voltar para casa”, diz a mais velha, num quarto de hospital, ao lado de seu pai. “E o sonho se tornou realidade”, responde o pai, Yoni.
No dia 7 de outubro, terroristas lançaram um ataque sem precedentes em solo israelense. No total, 1.200 pessoas foram mortas, a maioria civil, segundo as autoridades israelenses.
Israel prometeu “aniquilar” o grupo terrorista Hamas e bombardeou implacavelmente a Faixa de Gaza antes do início da trégua.
Segundo o governo do Hamas, quase 15 mil pessoas foram mortas, dois terços das quais eram mulheres e menores de idade.
Para as famílias israelenses, a prioridade absoluta é o regresso de todos os reféns. As primeiras libertações, a ser inicialmente seguidas de outras, neste sábado e nos dias seguintes, trazem muita esperança.
Haim Peri, de 79 anos, continua em cativeiro porque o acordo não inclui homens. Mas, nesta sexta-feira, alguns reféns libertados disseram tê-lo visto.
“Temos provas da vida do meu pai”, sequestrado no kibutz de Nir Oz, disse à AFP Noam Peri.
Um total de 75 pessoas foi sequestrado nessa comunidade, e 29, assassinado.
Saber que ele está vivo “dá muita esperança, mas não sabemos quanto tempo isso vai durar”, comenta Peri.
Ruby Chen não consegue se alegrar. Seu filho Itai, de 19 anos, é soldado, e o Hamas especificou que não libertará os militares.
“É difícil descrever a sensação de não saber se seu filho está vivo ou não”, diz ele. “É algo que supera a dor.”
Mas, às 6h do dia 8 de outubro, “dois policiais ligaram para casa para nos dizer que Itai havia sido sequestrado, e não assassinado”, conta.
“Nós nos sentimos ‘afortunados’ com a notícia”, destaca.
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