O advogado Diego de Lima Gualda, que era representante e administrador do X/Twitter no Brasil, renunciou ao cargo na última semana. A saída acontece em meio à tensão entre Elon Musk e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que aumentou após o bilionário ameaçar descumprir ordens judiciais.
De acordo com a Folha de S.Paulo, a carta de renúncia de Gualda foi registrada na ficha cadastral da empresa que representa a rede social na Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp) no dia 8 de abril. No documento, ele informa que não ocupará mais os cargos.
Até o momento, o nome do novo responsável pelo X no Brasil não foi definido. (Imagem: Getty Images)Fonte: Getty Images/Reprodução
Sua saída foi protocolada dois dias após Musk acusar Moraes de censura e ameaçar reativar perfis bloqueados por decisão judicial, descumprindo as ordens. Em resposta, o ministro do STF incluiu o empresário no inquérito das milícias digitais e estipulou multa diária de R$ 100 mil para cada perfil que for reativado.
O antigo diretor jurídico e administrador do X no Brasil estava na função desde 2021, conforme informações do seu perfil no LinkedIn. Formado em Direito na Universidade Presbiteriana Mackenzie e em Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP), Gualda também trabalhou em empresas como 99 e Yahoo!.
Isenção pelo não cumprimento de ordens judiciais
Em pedido enviado ao STF, os advogados da empresa que representa o X no Brasil solicitaram que as responsabilidades por eventuais desobediências a decisões judiciais fossem atribuídas à sede da rede social nos Estados Unidos. Eles alegavam que o escritório não possui capacidade de interferir na administração e operações da companhia.
Porém, Moraes negou a solicitação, citando que a plataforma se submeteu às determinações da justiça brasileira nos últimos anos e contribuiu para combater as fake news eleitorais. Além disso, o ministro ressaltou que as consequências de eventuais desobediências podem recair sobre os administradores do antigo Twitter no país.
Como lembra a Folha, responsáveis por big techs no Brasil já foram punidos em outras ocasiões por descumprimento de ordens judiciais. Um dos casos envolveu o então diretor-geral do Google no Brasil, Fábio Coelho, detido em 2012 após o YouTube não excluir vídeos com ataques a um candidato à prefeitura de Campo Grande (MS).