Um relatório lançado por agências da ONU na terça-feira destaca 22 países ou territórios em grave risco de deterioração da segurança alimentar.
O documento chamado “Focos de Fome” foi organizado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, e pelo Programa Mundial de Alimentos, PMA.
Territórios Palestinos Ocupados
As entidades ressaltam a preocupação de que essas emergências sejam esquecidas em meio à crise Israel-Palestina.
A ação humanitária urgente é essencial em 18 focos de fome, que compreendem 22 países ou territórios.
Dentre eles estão os Territórios Palestinos Ocupados. O relatório alerta que a insegurança alimentar aguda é altamente provável até abril de 2024, devido à forte escalada do conflito.
O documento reforça o apelo do secretário-geral das Nações Unidas por um cessar-fogo e o acesso para facilitar a entrega de ajuda à Faixa de Gaza.
Instabilidade no Sahel
O conflito é um dos principais motores da fome em todo o mundo. A instabilidade e a violência continuam aumentando na região do Sahel, desde os golpes em Burkina Faso, no Mali e no Níger até ao conflito incessante no Sudão, que afeta países vizinhos como o Chade.
Entre julho e setembro de 2023, a região foi responsável por 22% de todas as mortes globais geradas por conflitos.
A magnitude e o ritmo dos deslocamentos no Sudão continuam em um nível alarmante, interrompendo a produção e o acesso a alimentos e afetando quase 5,6 milhões de pessoas até meados de setembro de 2023. Isso inclui 1,2 milhão de pessoas que cruzaram a fronteira para países vizinhos, um aumento de seis vezes em quatro meses.
No Sudão do Sul, espera-se que a produção agrícola insuficiente, os altos preços dos alimentos básicos e a falta de recursos para apoiar o crescente número de refugiados do Sudão contribuam para a persistência da insegurança alimentar aguda.
Conflitos, desastres e crises econômicas
Oito países são apontados como de “elevada preocupação”, que são o Afeganistão, a República Democrática do Congo, a Etiópia, o Haiti, o Paquistão, a Somália, a Síria e o Iêmen. Todos eles têm um alto número de pessoas enfrentando ou com alta probabilidade de enfrentar níveis críticos de insegurança alimentar.
Diferentes fatores, dependendo do país, incluindo conflitos, desastres relacionados ao clima e crises econômicas, devem intensificar as condições de risco de vida nos próximos meses.
Além disso, a insegurança alimentar está se agravando devido à falta de financiamento para a assistência humanitária.
No Afeganistão, por exemplo, 10 milhões de pessoas foram excluídas da assistência que salva vidas devido a um enorme déficit de financiamento. Outros países afetados incluem Haiti, Territórios Palestinos Ocupados, Somália, República Árabe Síria e Iêmen.
Outra preocupação diz respeito à desastres ligados ao clima. Vários países da América Central devem ser duramente atingidos pelo fenômeno climático El Niño, com seca esperada ao longo do “Corredor Seco” em El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua, bem como no Malaui. Todos esses locais fazem parte dos “Focos de Fome”.
Algumas ações de mitigação envolvem distribuição sementes tolerantes à seca antes da temporada de plantio, juntamente com sacos herméticos de armazenamento de grãos.