O Reino Unido vai mandar um navio de guerra para a Guiana no final deste mês, anunciou o Ministério da Defesa britânico neste domingo (24), enquanto o país sul-americano enfrenta uma disputa fronteiriça com a vizinha Venezuela em torno de Essequibo, território guianense rico em petróleo.
A decisão ocorre após uma visita de um secretário de Relações Exteriores britânico à Guiana no início de dezembro com o objetivo de oferecer apoio ao país sul-americano, um aliado e ex-colônia britânica.
O Reino Unido vai enviar o navio de patrulha da Marinha Real HMS Trent, segundo comunicado divulgado pelo Ministério da Defesa. O texto não menciona a Venezuela ou a disputa por Essequibo.
“O HMS Trent visitará a Guiana, aliada regional e parceira da Commonwealth [grupo internacional composto pelo Reino Unido e uma série de suas antigas colônias], no final deste mês, como parte de uma série de compromissos na região durante a implementação da Tarefa de Patrulha do Atlântico”, disse um porta-voz do governo britânico.
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, e o presidente da Guiana, Irfaan Ali, reuniram-se pela primeira vez no último dia 14 para tentar estabelecer um diálogo sobre Essequibo. Após o encontro, os países divulgaram declaração na qual se comprometem a não ameaçar ou usar a força “um contra o outro em quaisquer circunstâncias, incluindo aquelas decorrentes de controvérsias existentes entre os dois Estados”.
A região de Essequibo, de 160 mil quilômetros quadrados, é geralmente reconhecida como parte da Guiana, mas nos últimos anos a Venezuela retomou a reivindicação sobre o território após grandes descobertas de petróleo e gás.
A tensão aumentou após a realização de um plebiscito promovido pelo regime venezuelano em 3 de dezembro. Na votação, em que as cinco questões favoreciam uma resposta simpática aos interesses de Caracas, 96% dos eleitores teriam votado favoravelmente à criação de um novo estado em Essequibo e da concessão de nacionalidade venezuelana aos 125 mil habitantes da região.
Dois dias antes do plebiscito, a Corte Internacional de Justiça (CIJ) exortou a Venezuela a não anexar o território. O guianense Ali tem dito que a CIJ é a responsável por “decidir a controvérsia sobre as fronteiras entre Guiana e Venezuela”. Já o regime de Maduro não reconhece a jurisdição da corte no caso.