A aprovação de licenças de exportação de armas para Israel caiu drasticamente no Reino Unido após o início da guerra Israel-Hamas. O valor total das permissões concedidas para a venda de equipamento militar a Tel Aviv teve queda de cerca de 95%, se comparados períodos semelhantes de 2023, já com a guerra atual contra o Hamas em andamento, e de 2017.
O valor das licenças aprovadas pelo Reino Unido de 7 de outubro a 31 de dezembro do ano passado caiu para £ 859 mil (R$ 5,9 milhões), disseram autoridades do governo à Reuters. O número representa o mais baixo para o período de 7 de outubro a 31 de dezembro desde 2010.
No mesmo período de 2020, o governo britânico aprovou £ 20 milhões (R$ 137 milhões) em vendas de armas para Israel, incluindo munições de armas pequenas e componentes para aeronaves de combate, de acordo com dados governamentais.
Em 2017, também relativo ao mesmo período, o Reino Unido aprovou £ 185 milhões (R$ 1,27 bilhão) em vendas de armas para o aliado, incluindo componentes para tanques e mísseis terra-ar, o número mais alto para o período em dados publicamente disponíveis desde 2008.
Os números são baseados em informações fornecidas por autoridades do governo britânico à agência Reuters e dados da unidade de Controle de Exportação do Departamento de Negócios e Comércio do país.
Outros aliados de Tel Aviv, como os Estados Unidos e a Alemanha, aumentaram as vendas de armas para Israel após o início da guerra, em outubro do ano passado.
A questão das vendas de armas para Israel tem sido controversa e isso se repete no Reino Unido. Políticos e grupos pró-Palestina dizem que esse comércio deveria ser interrompido devido ao grande número de mortes de civis palestinos e à destruição causada em Gaza durante mais de oito meses de guerra.
O governo britânico diz que Israel tem o direito à autodefesa e seus conselheiros jurídicos permitem vendas contínuas.
O Departamento de Negócios e Comércio afirma que licenças continuam a ser concedidas para exportar alguns itens militares para Israel, incluindo componentes para aeronaves e munições de armas pequenas para treinamento.
O departamento disse que, devido às regras rígidas do governo em torno da aprovação de licenças, as revisões podem levar mais tempo do que o normal para serem aprovadas, mas o conselho jurídico mais recente sobre a transferência de armas para Israel permanece inalterado.
Diferentemente dos EUA, o Reino Unido não fornece armas diretamente a Israel, mas emite licenças para empresas, com a contribuição de advogados sobre se estão em conformidade com o direito internacional.
Muitas das licenças aprovadas no período após o início da guerra em Gaza foram para itens listados para “uso comercial” ou itens não letais, como coletes à prova de balas, capacetes militares ou veículos com tração nas quatro rodas com proteção balística.
A embaixada de Israel em Londres não respondeu a um pedido de comentário.
Restrições
Membros do parlamento britânico e grupos de direitos humanos têm criticado o governo do país pela falta de informações públicas sobre vendas de armas para Israel desde o início do conflito com o Hamas, desencadeado quando o grupo terrorista atacou território israelense no dia 7 de outubro do ano passado.
Alguns países, como Itália, Canadá e Holanda, impuseram restrições às exportações de armas para Israel devido a preocupações sobre como as armas poderiam ser usadas.
Enquanto a Alemanha aprovou exportações de armas para Israel no valor de € 326 milhões (R$ 1,89 bilhão) no ano passado, dez vezes mais do que em 2022, o volume de aprovações caiu para cerca de € 10 milhões (R$ 58 milhões) no primeiro trimestre deste ano.
O primeiro-ministro britânico Rishi Sunak tem sido um dos defensores ocidentais mais incisivos do direito de Israel de responder com força avassaladora contra o Hamas. Ele resiste a pedidos para interromper as transferências de armas para Tel Aviv, mas diz que o governo adere a um “regime de licenciamento muito cuidadoso”.
Espera-se que o Reino Unido forneça informações sobre o comércio de armas para Israel no primeiro semestre deste ano nos próximos meses. O governo bloqueou vendas do tipo no passado, como em 2009, quando revogou algumas licenças, e em 1982, quando houve uma restrição formal após a invasão de Israel ao Líbano.