A Unifil (Força Interina das Nações Unidas no Líbano) disse neste sábado (12) que um quinto capacete azul foi ferido no Líbano em um ataque de autoria ainda desconhecida realizado na sexta-feira (11). Nos últimos dias, bombardeios de Israel contra a base da Unifil feriram quatro soldados da missão de paz da ONU, que se recusa a abandonar suas posições apesar de repetidos pedidos de Tel Aviv.
“Na sexta-feira à noite, um capacete azul foi atingido por disparos enquanto uma operação militar ocorria perto da sede da Unifil em Naqura”, disse a Unifil em comunicado, sem dar mais detalhes.
“As forças israelenses nos pediram que abandonássemos nossas posições na Linha Azul [marcação delimitada pela ONU entre Israel e o Líbano], mas houve uma decisão unânime de permanecer, porque a bandeira da ONU precisa estar aqui”, disse o porta-voz da Unifil, Andrea Tenenti, à agência de notícias AFP.
A missão de paz da ONU conta com 10 mil soldados, a maioria franceses, espanhóis e italianos. Os quatro feridos em ataques israelenses tinham nacionalidade da Indonésia e da Sri Lanka.
Tenenti disse ainda que o conflito entre Israel e o grupo armado libanês Hezbollah ameaça se transformar “muito rapidamente em uma guerra regional com consequências catastróficas para todos”. A Unifil pediu que sejam realizadas conversas políticas e diplomáticas para que haja um cessar-fogo.
Os ataques de Israel contra a ONU causaram forte condenação de aliados de Tel Aviv, principalmente na Europa ocidental.
Pelo menos 40 países expressaram pleno apoio à força de paz da ONU e cobraram proteção aos capacetes azuis que atuam no Líbano.
“Exortamos todas as partes em conflito a respeitar a presença da Unifil, o que inclui garantir a segurança de todos os seus membros, em todos os momentos”, escreveram em comunicado.
A França convocou o embaixador de Israel para dar explicações e assinou um comunicado conjunto com a Itália e a Espanha. O texto diz que ataques não têm justificativa e constituem violações do direito internacional.
Na quinta, Roma já havia dito que as ações de Israel podem ser caracterizadas como crimes de guerra. “Não é um acidente, não é um erro”, declarou o ministro da Defesa do país, Guido Crosetto, repudiando a afirmação israelense de que os capacetes azuis foram instados a deixar o local. “A Itália não aceita ordens do governo israelense.”
Ainda no sábado, Israel ordenou que moradores de 22 vilarejos do sul do Líbano deixem suas casas. O comunicado militar menciona locais que já estão sob bombardeio de Tel Aviv, e cujos residentes, em sua maioria, já abandonaram o local.
Israel tem repetido que seu objetivo na invasão do Líbano é garantir a volta dos residentes do norte de Israel, fora de casa há meses —a região é o principal alvo de foguetes do grupo armado Hezbollah vindos do outro lado da fronteira, e o grupo armado pediu que israelenses se afastem de alvos militares localizados em meio a áreas residenciais no país.
Entretanto, segundo anunciou o governo do Líbano, 15 pessoas morreram neste sábado em bombardeios israelenses contra três cidades localizadas a norte e sul de Beirute, fora dos redutos do Hezbollah. Houve, além disso, 34 feridos.
As Forças Armadas de Israel disseram que o Hezbollah disparou 320 mísseis contra o país ao longo do dia.
O grupo armado afirmou ter lançado um ataque com drones contra uma base militar em Haifa, importante porto israelense no norte do país, e contra a capital, Tel Aviv. Sirenes de alarme soaram no centro de Israel, e o Exército do país disse ter interceptado um “projétil disparado do Líbano”.
Os disparos coincidem com o feriado judaico do Yom Kippur, o chamado “Dia do Perdão”, que Israel celebra da noite de sexta-feira até o pôr do sol deste sábado. Ao longo desse período, que é o feriado mais importante do judaísmo, o país para: as fronteiras, os aeroportos e a maior parte das empresas permanecem fechados e o transportes públicos é suspenso. As ações militares de Israel, entretanto, continuam.
Até aqui, a invasão de Tel Aviv contra o Líbano já forçou mais de 1,2 milhão de libaneses a deixar seus lares e matou cerca de 2.100 pessoas desde o 7 de outubro de 2023, de acordo com Beirute.