Este texto foi escrito por um colunista do TecMundo; saiba mais no final.
Após uma pesquisa publicada recentemente mostrar que uma pessoa pode compensar fatores genéticos desfavoráveis para longevidade em 62%, por meio de um estilo de vida saudável, uma nova pesquisa avaliou a probabilidade desse fator controlável, estar associado a tornar as pessoas centenárias. Saiba quais os fatores do estilo de vida mais importantes para chegar aos 100 anos.
Conheça a pesquisa
Para avaliar a relação entre estilo de vida e longevidade, pesquisadores desde 1998 acompanharam mais de 5,2 mil pessoas mais velhas do que 80 anos na China. Mais de 1,4 mil pessoas chegaram aos 100 anos, enquanto outros 3,8 mil morreram antes disso.
A cada participante foi dado uma pontuação de acordo com seu estilo de vida, sendo que cinco componentes fizeram parte do escore: tabagismo, consumo de álcool, exercícios físicos, diversidade alimentar e o Índice de Massa Corporal (IMC).
Quem teve maiores escores, levava uma vida mais saudável. Tal comportamento resultou em 61% mais chances de se tornar centenário, comparado a quem não tinha estilo de vida positivo.
Os fatores do estilo de vida mais importantes
Entre os cinco componentes, nunca fumar, ter uma alimentação diversificada e praticar exercícios estiveram associados a chegar aos três dígitos de idade.
Nunca fumar
É reconhecido que fumar, consumir álcool ou outras drogas, não depende apenas da nossa vontade. É mais fácil prevenir o uso do que posteriormente tratar um possível vício. Sabendo dos males de tais comportamentos, é notável que é inútil o risco. Alguns têm comparado os riscos de ficar sentado (comportamento sedentário) com os de fumar – quando falam que “sentar é o novo fumar”. Entretanto, o cigarro traz riscos mais elevados à saúde do que as cadeiras.
Alimentação diversificada
Peter Attia, médico e autor do best-seller Outlive, traz uma estratégia com domínios para saúde, dentre eles estão os exercícios, sono, saúde emocional e a nutrição, que ele chama de bioquímica nutricional. Ele traça algumas regras básicas sobre nutrição: não ingerir calorias nem de mais, nem de menos, consumir proteínas e gorduras essenciais em quantidade suficiente, obter as vitaminas e os minerais necessários e evitar patógenos e toxinas.
O médico norte-americano Mark Hyman, em seu livro “Jovem para sempre” traz que é impossível alcançar a saúde e longevidade desejadas com uma flora intestinal desequilibrada.
Alimentação equilibrada é um dos elementos para a longevidade.Fonte: Getty Images
3. Praticar exercícios
Attia ainda recomenda que se você for adotar apenas um novo hábito, é fundamental que seja no campo dos exercícios. Esse pode ser o início da mudança comportamental que irá contagiar outros hábitos de modo a torná-los saudáveis.
A combinação de atividades aeróbicas e de força parece ser a mais recomendada para viver mais: 2 horas e meia e duas sessões semanais, respectivamente, são as recomendações gerais para adultos.
É interessante buscar cumprir ou se aproximar disso, porém no começo qualquer movimento é melhor do que nenhum.
Considero que no avançar das décadas de vida, aumenta a importância de realizarmos atividades de força, buscando o aumento e manutenção de massa muscular. A perda dela – processo chamado sarcopenia, é um acelerador de envelhecimento. Portanto, busque praticar musculação, treinamento funcional, pilates, calistenia, ioga, crossfit ou outros.
Atividades de força se tornam mais importantes ao avançar da idade.Fonte: Getty Images
Embora o estilo de vida das pessoas antes dos 80 anos não tenha sido avaliado na pesquisa, os pesquisadores entendem que indivíduos com estilos de vida saudáveis, mesmo em uma idade bastante avançada, se beneficiam dos comportamentos saudáveis. Destaco também a importância de relações sociais saudáveis, pois essas estão associadas à nossa felicidade.
A expectativa de vida do brasileiro é de viver em média 75,5 anos (em 2022), sendo maior em mulheres (79 anos) do que nos homens (72 anos). Um fator que claramente determina o quanto e como viveremos é o estilo de vida que levamos durante a vida.
A boa notícia é que parece que nunca é tarde para colher benefícios de um estilo de vida ativo. Isso gerará dividendos na qualidade, logo a duração de nossa vida – 100 anos de vida ou mais, pode ser apenas uma consequência da boa vida que levaremos.
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Fábio Dominski é doutor em Ciências do Movimento Humano e graduado em Educação Física pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). É Professor universitário e pesquisador do Laboratório de Psicologia do Esporte e do Exercício (LAPE/UDESC). Faz divulgação científica nas redes sociais e em podcast disponível no Spotify. Autor do livro Exercício Físico e Ciência – Fatos e Mitos.