Marianna Budanova, mulher do chefe do GUR (Serviço de Inteligência Militar da Ucrânia), Kirilo Budanov, está recebendo tratamento após ter sido envenenada com metais pesados, informou Andriy Yusov, um porta-voz da inteligência do país. Ele acrescentou que vários outros funcionários do serviço de inteligência também apresentaram sintomas leves de intoxicação, sem especificar quantos.
O caso ocorreu semanas depois de o governo russo ter acusado de terrorismo Marianna e três outros oficiais militares da Ucrânia, o que levantou suspeita do envolvimento do Kremlin.
As investigações apuram se os quatro ucranianos teriam conexão com ataques de drones em território russo e regiões da Ucrânia sob controle de Moscou.
O nome de Marianna ganhou o noticiário internacional, mas pouco se sabe sobre ela. Segundo a rede de notícias BBC, a mulher, de 30 anos, nasceu em 3 de agosto de 1993, na vila de Stavyshche, na região ucraniana de Kiev. Ela tem mestrado em psicologia e também é envolvida com política na Ucrânia.
Em 2020, Marianna concorreu à Câmara Municipal de Kiev pelo partido Adur (Aliança Democrática Ucraniana para a Reforma), do prefeito de Kiev, Vitaliy Klitschko, mas não foi eleita. Antes, ela não era filiada ao partido e não estava trabalhando.
Na época, a ucraniana mantinha um canal no YouTube para divulgar suas propostas políticas. Os vídeos, ainda disponíveis em sua conta, mostram que ela tem apreço pela causa animal e pensava em ações para mitigar a pandemia de Covid-19.
Desde 2021, Marianna trabalha como conselheira voluntária da Prefeitura de Kiev no combate à corrupção, mas, na mídia, é creditada como psicóloga, voluntária e figura pública.
Em 2022, ela disse à revista Elle que também trabalhou como voluntária no hospital militar da capital ucraniana, entre 2015 e 2017, atuando na parte de acompanhamento e aconselhamento psicológico dos soldados.
Em fevereiro de 2022, quando a guerra começou, Marianna relatou não sentir medo do que estava por vir.
“Você tem que entender que quase não houve tempos de paz para minha família”, afirmou a ucraniana em entrevista ao Mirror.
“Poucos meses depois de conhecer o meu futuro marido, começaram a desenrolar-se acontecimentos dramáticos no Maidan [a revolução ucraniana de 2014]. Depois, como sabem, tudo continuou indefinidamente: a anexação da Crimeia, os combates no Donbass”, contou ao tabloide britânico.
“Estou acostumada a viver em constante estado de preparação e expectativa. Portanto, os primeiros dias da invasão não foram um choque para mim”, acrescentou.
Casos de envenenamento
A Rússia já foi acusada de envenenar outros opositores políticos em outros momentos, incluindo cidadãos do próprio país. Em novembro de 2006, Alexander Litvinenko, um ex-agente da KGB, o serviço secreto russo, morreu três semanas depois de beber uma xícara de chá, que havia sido misturado com veneno.
Um inquérito britânico descobriu que Litvinenko foi envenenado pelos agentes do Serviço Federal de Segurança (FSB, na sigla em inglês) Andrei Lugovoi e Dmitry Kovtun. Os funcionários agiram sob ordens que “provavelmente” foram aprovadas pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, e pelo secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Nikolai Patrushev.
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