O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, disse acreditar no potencial dos Estados-membros da Comunidade de Países da Língua Portuguesa, Cplp, para fazer mais pela paz global.
As declarações de António Costa foram feitas na segunda-feira quando esteve nas Nações Unidas e fez um balanço dos mais de oito anos exercendo o cargo.
Missão de paz conjunta no âmbito da Cplp
Em conversa com a ONU News, o chefe do governo cessante afirmou que estava já nos planos consolidar um bloco lusófono bem articulado em temas de paz e segurança.
“Uma das coisas que eu tenho pena de não ter conseguido fazer, no âmbito da manutenção de paz, era uma missão conjunta no âmbito da Cplp, das Forças Armadas de diferentes países da Cplp, para desenvolverem missões conjuntas. Muitos de nós temos participações diversas em missões internacionais. Eu acho que é um projeto muito interessante que devíamos desenvolver no âmbito da Cplp. Podermos ter a capacidade de participar em conjunto em missões de prevenção de conflitos e de manutenção da paz. Acho que para quem se guerreou, e hoje pode celebrar 50 anos de paz, acho era um bom contributo e um bom exemplo que dávamos.”
António Costa destacou as medidas tomadas para apoiar a agenda de manutenção da paz das Nações Unidas durante a participação portuguesa em missões na República Centro-Africana, onde o país é atualmente o maior contribuinte com tropas.
Portugal também apoiou operações no Mali, na Organização do Tratado do Atlântico Norte, Nato, e na União Europeia. O primeiro-ministro cessante reconhece haver vontade para apoiar a solução de vários conflitos em diferentes campos dentro do bloco lusófono.
Além do potencial para dar resposta à busca de paz, Costa destacou diversas áreas de colaboração na Cplp para os próximos 10 anos.
Acesso a profissões reguladas
“Nós temos uma Cplp que deu um passo importante na área de cidadania com o acordo de mobilidade e isso tem que agora ter continuidade, seja no reconhecimento da portabilidade dos direitos da segurança social, o reconhecimento dos títulos acadêmicos e no acesso a profissões reguladas.”
Costa disse acreditar que a área acadêmica revitalizaria as relações no bloco que conta com um “grande futuro à sua frente”, após 22 anos de existência.
“Lançamos um desafio para que pudéssemos celebrar a próxima década da Cplp com a criação de um programa: um curso universitário que seja reconhecido no conjunto de pelo menos uma universidade em cada um dos Estados da Cplp. Que os alunos possam, para fazer o curso, percorrer pelo menos três Estados da Cplp. Há uma coisa muito importante se nós quisermos enraizar a Cplp para o futuro. Fazer uma cidadania e apostar muito na juventude, particularmente o Brasil e países africanos com a juventude a crescer muito significativamente. Os laços têm que ser desenvolvidos, temos todos os dias de acarinhar-nos uns aos outros para que este amor se perpetue e não se vá perdendo com o passar dos anos”.
Costa sublinhou a “força de unidade da Cplp” na sequência de passos importantes na cooperação político-econômica e de desenvolvimento. Para ele, trata-se de um fator que “marca a diferença em relação a outras comunidades” em nível global.